quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Tomar Consciência ou Viver Sem Ela?


A consciência passa a ser elemento importante quando dela nos despimos, por um motivo ou outro, deixando de utilizá-la, seja por conta dos percalços da vida, seja por conta da exorbitante obrigação de viver em sociedade, como também de viver sem ela. Uma forma de viver, realmente especial e que está totalmente equiparada com nossas obrigações sociais e todo o conjunto de signos que os vários momentos do presente se nos apresentam. Apreciar isso com olhos de douto é coisa para poucos, principalmente com olhos de suspensão e suspeita.

Em dias como os que estamos vivendo, passando por um momento de eleições e também de várias incertezas com relação ao que virá a partir do ano que vem, paramos para analisar as mazelas que este momento se nos apresenta. E por mazelas nada a ver com desenvolturas sociais e a total incompreensão do Ter e do Ser. Riqueza não pode ser algo apenas material, tem que o ser ligado intimamente com o psicológico. E é neste ponto que nos falta o essencial: discernimento para podermos compreender o que realmente está acontecendo nestes momentos que antecedem o dia 31.

Muito se falou da hipocrisia política de nossos dois candidatos, principalmente no que se refere à hipocrisia discursiva, com o simples intento de arrebanhar algumas (milhões de) ovelhinhas... no papel, aliás dentro do papel, a tudo se pode e a tudo existe, resta saber se esta discussão sairá, aliás, passará do dia 31... penso que não, e é isso que mais incomoda!

Isso me faz recorrer a uma, de tantas, frase de Nietzsche no A Gaia Ciência: O problema do ter consciência (mais corretamente: do tomar-consciência-de-si) só se apresenta a nós quando começamos a conceber em que medida poderíamos passar sem ela (...), eis o ponto; quantos são os que têm essa consciência de que, de fato, está de apossando dela? Ou perdendo-a, por um motivo ou outro? Quantos poderiam ler esta magnífica frase e compreendê-la, tomando consciência dela? Está aí mais um momento sociopolítico que nos faz refletir sobre... nos faz a quem? A quem poderíamos nomear esse nos?

Seguindo adiante nesta bela frase nietzschiana: (...) Poderíamos, com efeito, pensar, sentir, querer, recordar-nos, poderíamos igualmente “agir” em todo sentido da palavra: e, a despeito disso, não seria preciso que tudo isso nos “entrasse na consciência” (§ 354). Dá para colocar tanta coisa na consciência, entrando dentro de seu turbilhão de seres e saberes se é ela que nos surpreende quando nos damos conta das mazelas psicológicas que orbitamos todos os dias, principalmente em momentos especialmente conturbados, e pleno de informações e desinformações, tais como esse? Não sei, deixo aí algumas palavras... e que possamos voltar a elas depois...!

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