terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Por que Ler Rosa Luxemburgo?


Por Adonile Ancelmo


Rosa Luxemburgo foi uma apaixonada revolucionária anti-autoritária que apostava que as massas seriam capazes de desencadear a revolução.


Envolveu-se em diversas polêmicas, talvez a mais famosa tenha sido a que tentou desconstruir a tese revisionista de Bernstein que almejava implantar o socialismo através de reformas democráticas.


Bernstein foi o precursor do eurocomunismo e talvez o maior representante da socialdemocracia.


Rosa o refutou em diversos pontos, sendo mais expressiva quando detectou que não se poderia implantar o socialismo por meio de reformas, porque estas não destruiriam o capitalismo.


Em suma, ela antecipou a falência do Estado de Bem Estar Social, e se formos só um pouco gentil com Rosa, podemos também dizer que ao recusar a tese de que os trustes e os cartéis, mais as organizações patronais impediam que o capitalismo entrassem em novas crises, ela também anteveu a crise de 1929, que se desencadeou, principalmente, porque o desenvolvimento das forças produtivas ultrapassou, mais uma vez, como muitas que aconteceriam depois, graças também, ao crescimento do capitalismo monopolista que deveria se portar como antídoto com a ampliação do crédito, na tese de Bernstein.


Isso não só destruía as teses de Bernstein, como também as invertia, pois o que ele apontava como um dos fatores que salvava o capitalismo das crises cíclicas, qual seja, a expansão do crédito, era justamente, na visão de Rosa, como se confirmou na prática, um dos motivos que precipitava o capitalismo ao abismo.


Talvez o único senão de Rosa tenha sido o de confiar, ambiguamente, tanto na necessidade histórica do socialismo, quanto na ação dirigida das massas.


A história, até aqui nos prova, que embora o capitalismo seja inviável pois depende dos recursos limitados do planeta para continuar expandido, por outro lado, nada nos dá a certeza de que o socialismo sendo uma alternativa viável, seja também uma conseqüência inevitável dessa crise.


Contudo, ainda sim (por isso ambiguamente), não podemos nos esquecer que a autora também abria um precedente para a Bárbarie... embora, claro, preferisse e lutasse apaixonadamente pelo socialismo até o seu último suspiro, ante os que mais tarde seriam conhecidos como nazistas.