domingo, 17 de outubro de 2010

Ler Para Crescer


Entender o que se diz, seja de forma escrita, seja de forma oral, seria talvez, a mais nobre de todas as artes, especialmente em momentos tão tenebrosos como os que estamos vivendo, onde o dito pelo não-dito acaba sendo a mesma coisa – com a mera intenção de se angariar algumas almas incautas para um futuro de luxo pelos próximos quatro anos (ao menos). Poderia ser uma superstição, mas a Idade Média nunca esteve tão próxima dessa nossa era que chamamos Era da Informação. São ilimitados os recursos, no entanto, são limitadíssimas as pessoas que destes recursos se sobrelevam... que criam e olham adiante.

Afora, mais limitada ainda é a condição que as pessoas têm de conceber tais informações... para alguns são apenas letras miúdas que brincam com nossa tíbia visão, para outros um estorvo à correria e ao imediatismo “adolescil” de nossas imberbes cabecinhas. Nesse contexto, uma ciência tal como a Filologia nunca fora tão importante como pode ser nos dias de hoje, principalmente quando queremos conceber o mundo fora da consciência tabula rasa da política atual; aliás, da politicagem atual, trazendo para nossos espíritos uma elevação inteligencial jamais vista.

Em Humano, Demasiado Humano vol. I, Nietzsche dirá: (...) a Idade Média inteira era profundamente incapaz de uma explicação rigorosamente filológica, isto é, do simples querer-entender aquilo que o autor diz – foi alguma coisa encontrar esses métodos, não o subestimemos! Toda ciência só ganhou continuidade e constância quando a arte da leitura correta, isto é, a filologia, chegou a seu auge. (§ 270) Quando a boa leitura se dá de uma forma ruminosa, mais lento e sensível é o sabor das belas letras. Infelizmente, mesmo tendo tantos recursos nunca ficamos tão burros como estamos nos tornando.

Ao nos acostumarmos com más letras estamos abrindo mão de um direito conquistado a mais de cinco séculos, retrocedendo a um tempo em que o saber, tão-somente, poderia ser saboreado por lu$trosas mãos... se voltar no tempo é o que essa molecada quer, que façam sozinhos!

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