sábado, 30 de outubro de 2010

Quebra de Página...


O impulso criativo, quando histórico, não apresenta nenhum sinal construtivo (isso se encararmos a construção como uma nova possibilidade de se pensar a criação), aliás, antes oferecesse uma situação destrutiva, pois, ao quebrar velhos ídolos está contribuindo com a inovação do prazer e a reconfiguração do saber, ou seja, automaticamente cria dentro do caos – dizem que o conhecimento precisa desta renovação e deste caos.

E por destruição, nada mais belo que a cena do caos criado a partir do pó e do concreto demolido; este mesmo caos que tem muito de vida e muito de novidade, e que corresponde a uma boa-nova estelar. Talvez seja esta novidade que estamos à caça, talvez seja esta estrela que falte à nossa constelação..., nem que para isso possamos ser ela própria a caça e não o caçador, pois, por caça há toda a floresta diante de nossa visão. Cá comigo, antes ser caça que não significar nada para este novo momento, principalmente quando temos uma mata bela e retumbante, espledorosa, sobre nossa estação...

A casa que poderíamos construir a partir desta destruição poderia, muito bem, ser o elemento novo para a construção; uma nova galaxia, plena de estrelas e novos astros. Pode até não parecer, mas o espírito, quando esbarra com o conhecimento, intimida novos caminhos, criando um monstro que, às vezes, cria algo do novo, de novo. Se este espírito não tivesse o conhecimento como elemento de transição, automaticamente, o passado seria nossa morada. Uma última guarita para os covardes.

Se a coragem é o elemento que garante a esperança, mais vale bater de frente com a justiça histórica e ser autêntico, que regressar ao elemento que enclausurou nossa virtude... e a virtude aqui tem muito de intromissão e complementação, jamais de exatidão. Assim, o virtuoso é aquele que consegue eliminar seu passado sem derrubar seu novo espírito.

E este passado, quando quebrado a marteladas, ainda que doa os dedos, alimenta o espírito da esperança, do futuro e da emoção... emoção com um pitaco de ilusão. Ilusão, com uma garantia de renascimento. Renascimento com o caos como gérmen. Um cadinho de esperança apenas garante futuro, um gérmen de esperança garante o futuro e alimenta o presente... eliminando muita poeira, limpando a história; tirando-a das mãos de homens imberbes, embora velhacos!

Quando por trás do impulso histórico não atua nenhum impulso construtivo, quando não se está destruindo e limpando terreno para que um futuro já vivo na esperança construa sua casa sobre o chão desimpedido, quando a justiça reina sozinha, então o instinto criador é despojado de sua força e de seu ânimo. (Da Utilidade e Desvantagem da História Para a Vida: § 7)

Queria que a força da destruição pudesse mostrar que o novo só pode ser construído com muita paixão e anelo. Este ânimo que se encontra além das forças humanas pode nos colocar bem ao lado dos deuses, equiparando-nos com algo que nunca fez parte de nossa vida, embora sempre estivesse em nossa vida. Este é nosso maior problema: sempre fomos gigantes, mas, por vários motivos, sempre nos colocamos sob os ombros deste gigante... quando é que nos colocaremos sobre o ombro destes gigantes?

Pergunta que fica para resposta posterior...

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