terça-feira, 15 de maio de 2012

Sobre o Texto




Um texto é uma construção discursiva intencional, onde temos um autor que nos fala aquilo que ele quer e um leitor que ouve, também, aquilo que ele quer. Desta relação duplamente intencional é que surgirá o significado, é que se construirá uma linguagem, que se quer fazer como símbolo, uma linguagem que se quer estabelecer como nova, ou como constructo que algo já posto.

Por isso, as informações que certo texto nos apresenta são informações de alguém que tem uma carga intelectual e ideológica às suas costas, além de serem informações que querem convencimento, informações que clamam por reconstrução (e nem sempre reconsideração, como seria preferível que fosse, visto que, ao reconsiderar uma informação já dada é como se a tivéssemos incorporando em nosso legado psicológico e intelectual). Sua significação de mundo está totalmente estabelecida, à medida que nossa significação quer coadunar-se com a outra, nem que seja uma coadunação contrária e crítica.

O texto é uma construção para outrem, numa sociedade plena de significados e desejosa de novos signos.

Para que nós leitores consigamos compreender esta informação, sem ignorar o que está por trás dela, requer que tenhamos uma capacidade muito mais abrangente que a mera alfabetização. Precisamos de informações contidas na vida e no discurso do autor, além de precisarmos de uma capacidade intelectual de vislumbrar além do que está posto, mostrando ao mundo que também entendemos as entrelinhas.

Nesse sentido, o bom leitor é aquele que interage com o autor (além de seu texto) e, principalmente, com sua vida social e ideológica. Se conseguirmos assimilar esta capacidade, ou mesmo, esta liberdade de podermos nos debruçar sobre determinada obra e colocar nossa habilidade autoral, de forma automática, teremos maior possibilidade de destrinchar a fundo as informações – e contra-informações – que o autor quer passar.

Enfim, as habilidades requeridas para a leitura de um texto são as mesmas que precisamos ter para construirmos uma linguagem própria, com seus signos, sobre uma linguagem já construída, e totalmente intencional.