segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Da Superação de Si Por Meio das Vísceras



Quando se trata de conhecimento o importante é não se envergonhar de fazermos o que nossa vontade manda, em especial quando este conhecimento surge de nossas vísceras, a elas se volta e depois se translitera para o mundo. Nesse sentido, esta última parte que parece ser a mais complicada, visto que, tudo aquilo que sai das vísceras de alguém pode não parecer belo aos olhos, muito menos ao coração. Eis que é neste ponto quando damos o salto de autonomia.

E por autonomia, nada melhor que a transgressão, ou seja, se pensar é transgredir não estaria eu transgredindo algo que faz parte de minhas vísceras, estaria apenas sendo autêntico aos meus princípios, mesmo sabendo que estas minhas vísceras não fazem parte do senso-comum. O mesmo senso-comum que se nos apresenta a partir da tábula rasa dos saberes instituídos. Não que eu vá negá-los; apenas algo que faço (essa negação) para afirmar outrem.

O que minhas vísceras são, passam ao jugo do coletivo a partir do momento em que elas vêm à tona, deixando de ser minhas, mas identificando-me a algo, garantindo uma identidade própria. Eis o tomo da coisa: nossa vida só vira livro de vários tomos quando a publicamos, daí a necessária exposição.

Em Assim Falou Zaratustra, livro II, vemos o seguinte: E então se envergonha vosso espírito de fazer a vontade de vossas vísceras, e se esquiva de sua própria vergonha por vias de dissimulação e mentira. (Do Imaculado Conhecimento) Este seria o ponto, como dissimular aquilo que nos convém de mais legítimo? Envergonhar-se de saberes distintos pelo simples fato de não serem convencionais? Que tipo de pessoas estamos sendo ao agirmos dessa forma?

Uma outra leitura interessante vem logo antes: Com vossos valores e palavras de bem e mal exerceis poder, ó estimadores de valores; é esse o vosso amor escondido e o esplendor, estremecimento e transbordamento de vossas almas (...) (Da Superação de Si), ao nos superarmos a nós mesmos estamos deixando nossas vísceras expostas, estremecendo o meio no qual colocamos nossa exposição, e o importante dessa exposição é justamente a demonstração do que somos capazes, e o esplendor desta capacidade oculta, embora sempre presente; isso se chama amor próprio... eis uma boa dica!

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