terça-feira, 11 de setembro de 2007

Seção: Filosofia de Boteco - Dioniso Sóbrio III

Aforismo: Pássaros Audazes, Homens Felizes

O ser humano que se deixa levar por uma ideologia, ou mesmo por uma construção que não lhe convém, tem em seu encalço grande possibilidade de aculturamento. E, em se tratando de aculturamento, de forma automática, também se trata de estar-se-a-si-mesmo enleado do outro, ou ainda, em se estar fora-de-si e dentro-do-outro. Neste aculturamento, o estar enleado de si-mesmo acaba se tornando mera traquinagem de uma mente confusa - como o pesadelo (O Sonho da Razão) de Goya e os sonhos assustadores da noite sem luz - e, ao mesmo tempo, ciente de suas inclinações. Cada inclinação diz muito de sua origem e, principalmente, de suas intenções: uma inclinação é a constituição de uma identidade para-outro. O indivíduo que tenta fazer de sua vida uma inclinação para consigo-mesmo, ao mesmo tempo em que se alheia do grupo ao qual faz parte, também cria condições de um andar solitário. O pisar em falso, nesse momento, pode vir de uma forma muito inesperada... e é exatamente isso que faz deste indivíduo, e de sua vida, uma condição plena-de-si. Aí eu pergunto, dá para seguir neste andar solitário? ... sinceramente, é algo que fica em suspenso, visto que, como membros de uma coletividade que somos, automaticamente, também somos membros de uma identidade compartilhada, e que nem sempre reflete o que realmente, nós enquanto seres livres e solitários, poderíamos ser. A identidade, enfim, apenas existe no compartilhar. Seres audazes, aeronautas do futuro e pássaros valentes, donos de sua asa e liberdade... todos, num mesmo enlace, apenas o são em perspectiva... dificilmente em prática.
Isso é viver em sociedade... gostemos ou não!!

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