sábado, 15 de setembro de 2007

A Evolução...

Parte II

A suposição de que a linguagem pode ser tratada como uma ciência, à luz da Filosofia da Linguagem, acaba por nos mostrar um longo caminho. Percurso esse que, tal como o do homem, se mostrou em toda sua humanidade, antevendo erros e acertos; e destes erros e acertos, construindo verdades e mentiras... sempre numa trilha dual.

Justamente por este motivo, é que Nietzsche em seu Humano, Demasiado Humano, no aforismo §11, afirmará: A importância da linguagem para o desenvolvimento da cultura está em que nela o homem estabeleceu um mundo próprio ao lado do outro, um lugar que ele considerou firme o bastante para, a partir dele, tirar dos eixos do mundo restante e se tornar seu senhor. E esta sua sanha de assenhorar-se das coisas, tentando afirmar a si mesmo, uma força que não possui, é que nos dá o teor do quanto este caminho evolutivo pode ter sido tortuoso.

O orgulho que o homem tem, e que o faz se sobressair para além dos animais, é outra possível explicação para a derrocada, e também afirmação de algum caminho. Tudo consolidado a partir de suas remissivas idas à linguagem, e sua relação para com a linguagem de um outro homem. Este seria um outro instrumento, considerado por ele, como sendo ainda mais afirmativo, ao se auto-compreender como alguém, ou alguma coisa, superior aos animais.

Nesse sentido, a relação que o homem tem com a linguagem o coloca num ambiente ainda mais afirmativo, e ao mesmo tempo explosivo, somente aplicado ao homem, em sua relação com outro homem e com a natureza. E isso pode também ser compreendido como uma antecipação e, principalmente, uma escolha prévia. Ou seja, os jogos de verdade, que nesta escala evolutiva demos origem ao homem que se acha sapiens, só o são jogos quando jogados contra outro ser da mesma espécie. O que nem sempre é uma máxima!

Por outro lado, essa práxis só poderia ser pensada ao se conceber o homem e sua relação com a pólis. Os elementos dessa relação é que determinariam este caráter de antecipação e escolha prévia do homem. Só há uma antecipação prévia se houver um elemento de relação política e social. Em se estando fora da pólis, não haveria como pensar este homem dentro de uma relação lingüística que, em Hans-Georg Gadamer (1900-2002), um outro filósofo que se ocupava desta discussão, assume um caráter bastante prático e instrumental.

E aqui chegamos no ponto. A praticidade que fazemos dos nossos jogos de linguagem tendem a instaurar uma verdade tão prática quanto. É onde se começa a pensar o erro: até que ponto o que é instrumental para mim, também o é para o outro? Boa questão e, ao mesmo tempo, muito difícil de ser respondida. Acho que deixarei em aberto, para que o leitor desta linguagem, e seus signos, tire sua própria conclusão.

Assim, e não concluindo - pois ainda haverá novas informações a respeito, mesmo porque os grifos em negrito ainda não foram esgotados -, quando o homem pensou (de uma forma instrumental, sobre a linguagem) a ter realmente na linguagem o conhecimento do mundo, foi quando começou a proferir besteiras aos quatro ventos; com a única intenção de tornar-se senhor do mundo, e de seus signos. Ainda nos referindo a Nietzsche: O criador da linguagem não foi modesto a ponto de crer que dava às coisas apenas denominações, ele imaginou, isto sim, exprimir com as palavras o supremo saber sobre as coisas. Saber que, ao longo da evolução cultural de seus consortes, cada vez mais, tem se tornado gélido e sujo... Há ainda muito pó a ser aspirado!

A crença na linguagem só se propaga quando pensada a partir de um erro monstruoso.

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