terça-feira, 6 de maio de 2008

EUA X Japão, ou, Brasil X Paraguai?



Segundo o sítio Unificado (http://www.unificado.com.br/calendario/10/plano_marshall.htm), o Plano Marshall foi uma ajuda dos Estados Unidos da América, dentro da Doutrina Truman, aos países envolvidos na Segunda Guerra Mundial, em especial ao Japão (como também toda a Europa; diria até que é a partir daí que o Dólar ganhará maior poder de lastro sobre a Libra Esterlina, tornando-se moeda universal), que, por triste destino, foi o país mais afetado. Afinal, as duas únicas bombas atômicas - que temos notícia, é claro - que se explodiram sobre alguém, foram direcionadas ao Japão; não foi à toa que, em tão pouco tempo (50 anos, talvez), um país totalmente destroçado tornara-se um dos mais ricos do mundo.


A coincidência de toda esta estória é algo bem próximo da gente: sabemos todos, ao menos aqueles que se interessem por um mínimo de História Brasileira, que o Paraguai teve uma das mais injustas guerras travadas em suas terras. Guerra essa que contara com a união de três potências regionais: Uruguai, Argentina e Brasil (por que dentro do futebol, são contra estes dois países que mais a seleção brasileira sofre heim? Não seria um resquício duma união forçada? Imposta pela toda grande Inglaterra? Deixo para aqueles que queiram especular).


Estas potências regionais fiseram do pequeno Paraguai um ainda menor e mais fraco país. Não é à toa que sua economia é uma das mais atrasadas do continente, em seu lado de baixo, tendo como uma das principais fontes de renda, inclusive, várias situações consideradas ilícitas (do ponto de vista fiscal e econômico). Penso até que tem alguma coisa a ver...


Quando houve a Guerra do Paraguai (http://www.historiadobrasil.net/guerraparaguai/), muito se falou em genocídio e também em dizimação. Dão-nos números de que 60 a 70% da população masculina de referido país foi dizimada. Não é de se assustar, nem de chocar, se isso realmente tenha acontecido: em História sabemos que os números nunca são como de fato foram... há sempre a necessidade de mostrar aquilo que a nós, e tão-somente a nós que a escrevemos, nos interessa. Maquiar faz bem... e nem por isso nos tornamos palhaços.


Pensando neste pequeno imblógio, uma idéia me veio à mente: quando Fernando Lugo ganhou a eleição, desbancando alguns tantos anos do Partido Colorado, o Paraguai começou a levantar algumas bandeiras, bandeiras estas que, há alguns anos, já se davam enquanto possibilidade com a subida de Evo Morales na Bolívia e sua relação econômica com o Brasil, muito gás, muita conversa e pouca ação, e a sempre sina do mais forte sobrepujar o mais fraco; e Itaipu (http://www.brasildefato.com.br/v01/agencia/internacional/tratado-de-itaipu-prejudica-os-povos-do-brasil-e-do-paraguai) é exemplo maior disso.


Em matéria de possibilidades há sempre a necessidade de se pensar no coletivo de certo grupo político transnacional, descambando na tão afamada globalização e regionalização de capitais, o que não significa que a população, em alguns casos, precise se sentir plenamente afetada, do lado positivo, é claro. Sempre é justo que tais acordos sejam rediscutidos, como bem menciona uma posição de Bresser-Pereira, publicada na Folha de São Paulo de 05 de maio de 2008: "Quanto mais pobre é um país, maior será a diferença entre pobres e ricos, menos informada politicamente será sua população, menos organizado será o mercado e mais fraco o Estado. Como a apropriação do excedente não se realiza principalmente por meio do mercado, mas do Estado, a probabilidade de que facções das elites recorram ao golpe de Estado quando se sentem ameaçadas é sempre grande." E aí entra o perigo: as elites sempre acham que negociar com países populistas é perigoso; como têm questionado a posição de Lula, e como questionaram sua posição com relação à Morales. Outra questão se levanta, em lado totalmente oposto: o tal do Neoliberalismo, novamente, passa pelo crivo questionatório de Bresser-Pereira.


Mas, voltando às uvas: não teríamos uma coincidência histórica, pensando em Plano Marshall, vindo à tona? Quando Brasil e Paraguai reatam acordos, revendo contratos? Penso que sim. Segundo Iuri Dantas, também da Folha de São Paulo de mesma data, uma reunião ocorrida na última terça-feira; a portas fechadas, entre o chanceler Celso Amorim e o vice-presidente (eleito pela chapa de Lugo) do Paraguai Federico Franco, foi justamente para tratar deste tema, pensado a partir do Paraguai, e nomeado por este último: "Na versão tropical, o plano tembém serviria para reduzir a pressão dos paraguaios sobre a rediscussão do preço da tarifa de energia da usina binacional de Itaipu, tornando prático o discurso do governo brasileiro de auxiliar o desenvolvimento do Paraguai".


Nada como revisitar velhas feridas da História, repropondo novos temas e rediscutindo novos povos. Resta esperar, e ver até que ponto a História não se repetirá em erros, e ainda, até que ponto não nos deixaremos levar por interesses a-históricos. Tentativas de rever a História sempre foram muito bem-vindas, no entanto, as cicatrizes, de tão agudas, nunca deixaram de ser vistas... dói só de ver!

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