sexta-feira, 2 de maio de 2008

Crônicas de Chuva!



Coisas de alma!


Um dia de chuva é sempre um dia triste, triste porque parece chorar por dores invisíveis; tão visíveis quanto a água - ainda - transparente, que cai junto com estas lágrimas; ou pode ser triste por sua escassez. Alguns ainda à vê chorar, outros choram porque ela não vem. Dizem que são coisas do clima, pois eu digo que são coisas do clima-homem, este bicho anti-social e, ao mesmo tempo, que não consegue viver sozinho... uma contradição em ação. Aliás, é isto que os falta: suas ações para que estas chuvas voltem... que tal algumas mudinhas num bosque deserto a esmo?!

É também um dia de felicidade redobrada, de mudas em festa, de bosque em abundância. Alegria para ela e para eles, estes bichos chamados clima-homem, e estas mudinhas que destes clima-homens poderiam nascer, ou fazer brotar... talvez; apesar de terem aqueles que vão resmungar durante todo o dia, como o murmúrio que as águas-chuva de lágrima fazem, ao cair batendo no telhado, parede, vento e vazio.

São cores que brotam no inísível das águas, trazendo luz, num dia escuro, aos outonos de cá. Dando mostras de que, apesar de fininha - algumas vezes -, ela ainda está viva: _ Ela é minha menina e eu sou o menino dela. Ela é o meu amor e eu sou o amor todinho dela... todinho molhadinho.

Sabe-se, contudo, que em alguns meses, talvez dias, esta cor triste das águas que caem, deixaram de aparecer, tornando-se mercadoria rara; deixando-nos tristes e ressequidos - ainda bem que não somos folhas, senão ficaríamos amarelecidos e quebradiços. Espera aí; podemos não ser folha, mas temos ainda muito vazio para preencher: nos preencher com palavras, com sorrisos, com choros, sentimentos e tristezas... além de alegrias de chuva. Pois ainda temos a esperança de sua volta.

Mais importante ainda é que esta alegria das dores de lá (dizem que vêm do céu, pois eu digo que vêm da terra, aliás, das águas daqui debaixo) ainda podem nos mostrar muito pôr-do-sol... lindo como ele só, e triste como, tão-somente, o vemos... o vemos em nossos sentimentos, pois não são os olhos que vêem, é a alma e o coração... temos que nos acostumar a ver o mundo sem os olhos, pois mesmo que não tivéssemos olhos, ainda assim o veríamos.

São crônicas de chuva... dias em que o outono nos faz molhar a alma, daí a gente escrever estas minudências: coisas de alma!

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