sábado, 3 de maio de 2008

Crônicas de Insônia!



Tem dias que sentimos um sentimento profundo de passado, são dias que nos dizem de dias de antanho: crises sentimentais, de consciência e, principalmente, crises de existência. Nossos escritos acabam refletindo um pouco destes sentimentos... somos isso, um pouco do que foi com o que, constantemente, está a nos dar valia... está a nos criar existência. Certa noite de insônia este sonho me veio... tristeza e melancolia profunda:

"Sei que ao olhar para fora algo bem amarelado e grande me dirá boa-noite. E é esta solidão que continua a me incentivar... é como se ela me desse um novo recomeço! E, dentro deste horário, o recomeço é ainda mais consistente e real, pois já passa do dia anterior. Todo dia, pelo menos em sua antecedência, temos uma madrugada. E esta é especial, é uma madrugada que inicia novo ciclo. Posso me ver como esta mudança de lua, mesmo porque, o fato de estar acordado até a esta hora, por si só, é algo totalmente novo. E ainda quando estamos falando de lua cheia, este recomeço é ainda mais especial.

E este é meu recomeço... que bom!... veio junto com a lua cheia, pois foi nesta lua que descobri o quanto as pessoas podem ser interessantes e, ao mesmo tempo, irreconhecíveis.

Sempre temos um lado oculto que vem à tona no exato momento em que nossos desejos mudam de plano. É como se um outro objeto aparecesse em nossa frente e nos dissesse que não somos mais o antes. Apesar de querermos o antes, é o agora que acaba incomodando...

Felizmente, dentro deste recomeço, começo a pensar em uma certa serenidade, sei que existe, por isso meu pensamento sobre. Mas sua existência sempre esteve condicionada a certa realidade – realidade essa que presumo, chegastes agora... e, imagino; a ela eu sempre persegui, sem, todavia, saber onde encontrar, pois, no fundo, eu acho que sentia sua falta – sabe aquela falta de algo perdido há tanto tempo que nem nos lembrávamos mais?, pois é, me refiro a esta falta... a falta de uma lembrança oculta, embora sempre presente –, mesmo sem a tê-la por perto. Numa única vez, pude ver que algo me faltava. E essa única vez que, por sinal é agora, me fez adentrar tua morada ainda mais profundamente, a ponto de poder avistar somente as sombras... sim, aquelas mesmas de Platão, quando da fogueira ao fundo. É como se a perseguisse sem saber onde estivesse... e na perseguição dessa serenidade, as sombras são companhia quase cabal e inexorável!

E nesta busca de minha pessoa, junto a mim, também pude encontrar o outro. E por isso a força deste recomeço, e o valor de sua conduta para com minha conduta... são, tão-somente, valores em conflito e combate; o outro sempre me foi estranho, mesmo estando bem próximo de mim, pode parecer estranho, mas é isso mesmo. Algo tão interessante que, em si, nos oferece outras possibilidades.

É, a vida tem dessas coisas, aliás, a vida, o coração, tudo passa a se resumir em primeira pessoa. E neste sujeito surge o verbo intransitivo e intransigente.

Daí meu medo em ver esta nova fase... Mas, sabe como é, um medo que incentiva-me a ir adiante, por isso mesmo um medo bom. Meio traquinas, decerto, mas um medo bom.

O medo de encontrar a serenidade. E, como disse, ele pode não ser um medo ruim. Bem íntimo, talvez, mas de uma intimidade libertadora e libertário... algo meio anárquico e novo, como nunca fora. E é por isto que ele se mostra tão bom."

Pois é, tem dias que a insônia faz a gente escrever coisas estranhas...

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