domingo, 28 de outubro de 2007

Um Aparte Regional: Democracia e Mercado


As instituições democráticas, como bem apontado por Clio, em publicação anterior (e outras mais), ao invés de ser uma solução para a economia e a vida política dos países emergentes, acabam se tornando uma negaça econômica de uma escumalha que ainda domina a OMC - Organização Mundial do Comércio. Dominando a OMC, impõe uma democracia a lá liberalismo (vedete pós-moderna do Fim da História), a todos aqueles que, desta escumalha não participam, e que ainda lutam, e relutam, para disso participar (não estariam querendo impôr os mesmos elementos aos outros que, posteriormente também emergentes tornar-se-iam?), onde todo aquele que tenta, também dessa democracia compartilhar, restaria o quinhão da próxima rodada.

Pois bem, em momento ainda anterior, nos referimos à democracia, tendo como exemplo a Argentina (na boca de uma eleição que apenas reforça o que resta à democracia deste lado de baixo do equador), e como suas instituições - as instituições da democracia -, baseadas em partidos, e no livre-comércio, ainda estão impregnadas de bolor. E, baseado neste bolor, como nós somos responsáveis pela democracia, os males que a ela acometem, acabam recaindo em nós como uma carga de culpa. A culpa de não sermos ilustrados o suficiente para escolher bem nossos representantes. E aí, nós tiramos o peso das costas desta escumalha que, mesmo quando votamos direito, continuarão fazendo a mesma coisa. O problema é bem maior do que imaginamos. E a escumalha tão maior quanto... e a democracia, ainda um maior problema - pois ela ainda é um caderno marcado, com cartas curingas! E uma outra democracia, seria possível? Boa pergunta... nem opino a respeito...

Em artigo do dia 26/10, escrito por Flávia Marreiro, na Folha de São Paulo, há a seguinte afirmação, ainda corroborando com o tema Argentina: O Brasil é um jovem de cinco séculos. a Argentina, uma anciã de 200 anos. O país do futuro versus o do passado mítico. Uma breve história de duas nações próximas e, ao mesmo tempo, tão distantes. Em momentos distintos, e por anos afim! Até que ponto, e quem assim determinou, o Brasil é país de futuro, e a Argetina uma velha anciã de passado mítico, com toda carga de sacro posta nesta afirmação?

Imagino que nosso futuro esteja baseado em nosso modelo econômico, ainda pensando na afirmação de Flávia e na do mercado. E o passado de nossa tão nobre vizinha baseado na aversão do mercado à mesma, e na forma como um país de graus educacionais tão altos, conseguiu chegar à desavença da democracia em tão pouco par de anos... sintomático não?

Será que a forma como representamos, ideologicamente, as instituições brasileiras não seria um sintoma do grau futurístico de nosso país? E, por outro lado, a forma como os argentinos representam suas míticas e anciãs instituições, e seu descontentamento com relação à democracia, não seriam também sintomas desta percepção democrática, tão vilipendiada pelo mercado, e por seu falso liberalismo (centro e controle das relações econômicas) a lá Adam Smith, como bem demonstrara o artigo de Clio?

A forma como as duas fronteiras, abaixo do equador, vêem esta relação democrática é bastante interessante, quando tentamos compreender qual o grau e qual a faceta da atual condição democrática dos povos.

Dois fragmentos do artigo de Flávia Marreiro dão-nos uma dica de como nós, vizinhos abaixo do equador, podemos melhor-ver a democracia e o mercado! Ao menos é isso que se deseja, não é mesmo!

Os brasileiros ainda enxergam na Argentina um parceiro pouco confiável. "Se pudesse dialogar com os entrevistados, diria que esse sentimento está relacionado aos nossos ciclos históricos como curtos nos últimos 20 anos, se comparados aos do Brasil", diz o antropólogo [argentino], citando os problemas do governo Alfonsín (1983-89) com a hiperinflação, as políticas liberais de Menem (1989-99) e a crise de 2001. "Mas o que não mudou, e tem de ficar claro, é o interesse no Mercosul." Olha o mercado tentando ditar as regras de novo.

É no processo histórico do país que também aparecem pistas do "passado mítico" e nenhuma referência o tal "futuro promissor" citado pelos brasileiros. "A idéia de passado tem a ver com o processo geracional e a contínua mobilidade social interrompida há 20 anos". Com o fim da crise, a percepção começa a mudar. "O horizonte fica mais previsível e faz as pessoas começarem a pensar no futuro. Mas é um processo lento e há a inflação, fantasma que ressurgiu nos últimos meses". Pois é, meu caro, sabemos onde está o mal?

Aliás, como falar em mal se a questão do mercado nunca pensou nisso? Ou será que o mal é a democracia, em tempos de capitalismo? Ou ainda, o problema não estaria na forma como conduzimos (e vimos que não é bem assim, pois não conduzimos turba nenhuma) a democracia? Caramba..., que dúvida cruel!

Um comentário:

blog do Manu disse...

Fiquei muito honrado com a sua visita, que acabou me trazendo até o seu Blog o qual será, pelo rico conteúdo, endereço certo para freqüentes visitas.

Felicidades,

Emmanuel