terça-feira, 23 de outubro de 2007

História: Bicho-Preguiça


Durante algum tempo, e alguns textos, sempre se referindo à História, entramos em contato com temas evolutivos; que não se mostraram plenos de vida, como deveriam ser quaisquer visitações evolutivas, nem com uma evolução tão homogênea, e tão plena de possibilidades humanas, jamais temporais, como até o momento fora, além disso, passamos também pelo esquecimento; tema que nos mostrou (como ainda pode nos mostrar, visto que é objeto inacabado) assaz importante, e de uma relutância em se abster de seus quehaceres, que chega a assustar, mostrando a todos que, a própria noção de esquecimento pode muito bem ser utilizada como arma de batalha, e ainda, indumento de vitória, trazendo àqueles que disso se - quem sabe algum dia - dispuserem a usar, como ótima esquadra, ainda dos tempos da Marinha Britânica Real, por fim, e ainda não acabado, se despontou em dois (talvez três) novos tentáculos: a identidade; e sua possível utilização de suspeita para mascarar certos feitios, o antidemocratismo da democracia; mostrando para o mundo que as idéias, por mais que tenham passado por uma história de consolidação, ainda deixa-nos a desejar, rogando aos nossos ouvidos, pragas de outrora, cobertas de ouro representativo e pleno de consciência, surge então, novo elemento, ainda essa do bicho-preguiça; nobre realização de uma história ainda em construção, e que tem na copa das árvores uma possibilidade de renovação, isso caso não caiamos no erro de vender nossos créditos de carbono em outros ambientes, e para compradores errados. Pois bem, parágrafo longo, poderia ser um aforismo, mas me atrevo a pensar um pouco mais, trazendo uma reflexão que ainda não chega a ser artigo. Daí, nada mais justo que novos parágrafos de prosa intensa e viva, como gostaria que assim se tornasse.

Longe de fugir das estripulias da crítica, que nos aconchega em novas paragens, dando-nos mais munição para o combate, ouso ir mais além da crítica, incitando-a a mostrar-nos algumas novas palavras (e que tenham gosto de sangue de vida, não de morte) para, disso, ainda novos degraus galgar. Daí o resgate de alguns temas por aqui já debatidos, e que quase voltaram no primeiro parágrafo.

Consciência é propriamente apenas uma rede de ligação entre homem e homem – apenas como tal ela teve de se desenvolver: o homem ermitão e animal de rapina não teria precisado dela. Devem se recordar que tais palavras não partiram de minha pena, mas que poderia ser o pontapé incial para nossa investida, rumo ao homem novo e que, a contrapelo da História Bicho-Preguiça, prefere nem saber porque ela levara tal nome, uma vez que sua consciência se encheu desta possível solução, às vezes por falta de ousadia, outras, porque nunca lhe foi proporcionado um pequeno naco da evolução. Imagino que este homem novo, resultado da evolução, prefere nem pensar nesta prerrogativa, pois a preguiça lhe foi posta como ambição, jamais como solução evolutiva: esta mesma que podemos nos referir à História Bicho-Preguiça.

Quando me refiro à consciência, isso antecipa uma discussão mais apurada acerca da representação democrática, e como esta representação, devido a via torta da evolução, e a falta do esquecimento no complexo tutânico, levou homens à condição de seres aptos a exercer sua representatividade: indumento caro àqueles que, longe de fazer disso uma História Bicho-Preguiça, faz uma vida em preguiça. Além do mais, são homens assim que permitem que Kronos devore seus filhos, para poder, assim se manter e, também, não deixar possíveis seres de esquecimento: apenas lembranças de um crime; um historicídio de horrores, pondo por terra até nossos simpáticos bichos-preguiça.

Os fantasmas que perseguimos, de forma bem intensa e direta, são fantasmas de lembrança, não de esquecimento... O que nos coloca frente a frente com a seguinte afirmação que, devem se recordar, também não-minha: Posto que somos o resultado de gerações anteriores, somos, ademais, o resultado de suas aberrações, paixões e erros, e também, sim!, de seus delitos. Não é possível livrar-nos por completo desta cadeia de erros. Podemos até condenar tais aberrações, e assim acreditamo-nos livres delas, porém isso não muda o fato de que somos seus heredeiros diretos. [Somos a segunda natureza de uma natureza que, pode até nem ter existido.] Poderia seduzir-nos a tentativa de darnos, a priori, um passado do que gostaríamos de ter procedido, em contraposição àquele de que, realmente, procedera. Uma tentativa sempre perigosa, porque é difícil encontrar um limite, na negação do passado. Caso não o aceitemos, ainda assim ele nos perseguirá, dizendo o quão herdeiros somos de seus erros.

Sim, tem havido uma grande evolução, meu medo maior é a forma como esta conscientização tem se estruturado. Podemos estar criando novos fantasmas, no porte de Kronos - ou talvez pior -, dando motivos para o surgimento de novo historicídio, sendo-nos reservado, como deste prato componentes, o prato de frente, do cardápio principal. História é Bicho-Preguiça sim, disso não há como negar; o problema é tentar compreender qual o grau de evolução que temos buscado, e como temos deixado de lado nosso esquecimento... dá medo, mas me arrisco a pular sobre o abismo, pois, somos corda estendida sobre, jamais destino, apenas ligação... também palavras não-minhas, mas que aqui se encaixariam muito bem!

Um comentário:

Walmir disse...

Caro professor,
agradeço as reflexões sobre o que chamei de História bicho-preguiça. Não lavo dela a herança de delitos, nem o brilho de conquistas transformadoras. É só um olhar que não se pretende nem idealista nem acobertador. A democracia burguesa não é democracia popular, é excludente, da mesma forma que o legal não é sempre justo, mas, muitas vezes, imoral.
As utopias são faróis para uns benefícios humanísticos, por isso serão sempre tão queridas quanto inalcançáveis de todo, dando, assim, munição para olhares pessimistas ou otimistas.
A escolha do olhar vai depender do vivente.
Seja qual for o olhar escolhido, o importante é que o dono dele não se acomode, continue caçando um caminho melhor para os destinos.
Paz e bem