domingo, 2 de dezembro de 2007

Seção - Filosofia de Boteco: Dioniso Sóbrio XI


Aforismos: Mais Futebol, Menos Exclusão

No dia do encerramento do Campeonato Brasileiro, Série principal, onde a elite luta com maestria e bravura para melhorar a vida dos brasileiros-torcedores, após a morte de 7 pessoas no estádio da Fonte Nova em Salvador, finalizando o ciclo da várzea (ao menos, imagino, é assim que a CBF encara a Série C) do Campeonato Brasileiro, com duas novidades no ar, uma nem tanto, e outra, com certeza mais evidente; a grande questão que se levanta é o ponto de como um esporte de massa pode servir de interesses financeiros, ou mesmo políticos, e até matar pessoas. Já, com relação a estas novidades, o Brasil sediando a Copa do Mundo de 2014 (candidatura única, diga-se de passagem, por isso a não tão-novidade) e o Lanús (37 pontos), dependendo apenas de um empate diante do Boca Juniors, fora de casa, e o Tigre (34 pontos) disputando a final do Campeonato Argentino - chamado por eles, também, de Clausura - como possíveis (pela primeira vez, ambos) campeões do Argentino - e pensar que o Tigres veio da Segunda Divisão do Clausura, na Temporada passada. Pois bem, não foi sobre isso que me propuz a falar, mas especificamente sobre como a organização do futebol pode servir para a exclusão e/ou para a morte daqueles que mais se interessam por este esporte, os menos favorecidos financeiramente, e sua paixão desmedida, repsonsável incluise por fazer estas pessoas esquecerem as mazelas que convivem diuturnamente. Passando pelo Brasil, o filósofo português Manuel Sérgio (74 anos), mestre do badalado técnico, também português, José Mourinho, fez a seguinte afirmativa, referindo-se ao desastre da Fonte Nova, publicado no Folha de São Paulo de 02/12: O que aconteceu foi um desrespeito, prova de que o povo está em último lugar. O futebol é um espetáculo de massa, para o povo. Precisamente por isso não me admira que não haja consideração para com esse público. "Uma tragédia atingiu o povo? Então não há problema, não conta". É esse o pensamento dominante em uma sociedade vertical, hierárquica. Pois bem, nunca um português compreendeu tão bem o Brasil como Manuel Sérgio, e isso ainda se referindo ao futebol, máquina de alienação nacional... grande ironia. Apenas fica a certeza: o Brasil, todos sabemos, mantém esta estrutura há séculos; como, mesmo diante de uma situação dessa, não se pensa em quaisquer soluções? Apenas prova o que estamos cansados de saber: querem que o futebol continue sendo objeto de alienação e massificação... as consequências disso não vem ao caso... vai morrer um bando de alienados mesmo!!!! Triste conclusão de alguém que se dispõe a sediar a melhor copa do mundo de todos os tempos(!): ao menos foi isso que disseram no dia da escolha sem concorrente!

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