segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Nalgum Lugar de Sampa!


Em artigo publicado na Folha de São Paulo de 17/12, intitulado Demônio ex-Machina, uma constatação surpreende a alguns e a outros (principalmente para aqueles que sentem na pele - e no trânsito - referida constatação), apenas confirma o grande mal da atual geração, principalmente, habitantes de grandes cidades em países em desenvolvimento, como o Brasil. E, automaticamente, o grande mal de nossa possível condição humana - se é que alguma vez paramos para pensar a respeito. Estima-se que, entre as horas de rush, os motoristas de São Paulo, além de conseguirem empreender em seus veículos apenas 15 km por hora, ao voltar para casa, ainda estão totalmente expostos a estresse e assaltos, ou mesmo, violências no trânsito.

Um exemplo ainda mais interessante é o fato de, caso tenham ido para o trabalho de bicicleta, ou metrô - principalmente bicicleta - conseguiriam empreender uma velocidade maior em seu trajeto, chegando em casa, cada vez mais cedo, podendo usufruir de direitos básicos. E o que é ainda pior: conforme estatísticas, contando os 5,7 milhões de automóveis em circulação, todos os dias, temos uma média de 1 carro para cada 1,92 habitantes... existem mais máquinas que gente, ainda mais quando colocamos em jogo também as motocicletas.

Uma democracia em desenvolvimento, ao incluir, acaba deixando as pessoas cada vez mais excluídas, isso se levarmos em conta o artigo da Constituição Brasileira que se refere à liberdade de ir e vir... não é estranho, quanto mais incluídos no modelo de consumismo, impetrado por nosso atual direcionamento econômico-ideológico, ainda mais excluídos no que se refere sua liberdade?!

Reflexões que nos fazem pensar a importância que hoje é dada ao ser humano... ao homem e suas vontades ou valores, responsáveis por dar-lhe condição de existência. Valoriza-se por demais aquilo que, ao invés de libertar, apenas nos prende.

Quando damos conta do quanto somos livres - para consumir, principalmente -, mais escravos nos tornamos. Já dizia Chaplin em seu discurso n'O Grande Ditador, não sois máquina; homem é que sois... será que conseguimos entender o grau de importância e de aprofundamento desta mensagem? Ainda mais quando o que está em jogo é o futuro do planeta e nossa boa convivência com o mesmo?

De que adianta se preocupar com o Protocolo de Quioto, com o derretimento das calotas polares e o aquecimento global, se não sabemos nem mesmo o que nos apetece, e ainda, o que nos dá liberdade? Não sabemos mais nem quem somos, ou para que serve nossa consciência e, por conseguinte, nossa visão profunda do mundo... aliás, nem visão e/ou consciência temos tido mais...

Pobre raça humana, quanto mais evolui, mais profundamente se afunda em seus erros!

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