sábado, 15 de dezembro de 2007

Seção D'Outro


Deus Existe?
Walmir Carvalho - amigo blogueiro

Escaramuças acirram discussões entre os criacionistas e os evolucionistas. Meu amigo blogueiro, Mino Carta, andou escrevendo sobre o tendepá.

Pensei, vou dar uns palpites.

Olhei no Gênesis bíblico, capítulo I: A terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo... O que me chama atenção é havia trevas sobre a face do abismo, quer dizer, não havia é nada. Um abismo em trevas não dá pra ser visto, é ou não é? Mas aí segue: Disse Deus: haja luz. E houve luz.

Seria o chamado Big Bang?

Os cientistas George Gamow, Robert Hermann e Ralph Alpher concluíram que, no início, ou seja, antes de haver universo, as galáxias estavam tão próximas que ocupavam todas o mesmo espaço – vai se entender uma miséria destas – a temperatura e densidade eram muito elevadas, e como se sabe que a tendência de tudo que é muito quente e muito e denso é de se esfriar e expandir, eles acreditaram que foi isso que sucedeu, que tudo se esfriou causando a explosão.
Bang.

Então tá. Continua o Gênesis: Deus viu que a luz era boa; e fez separação entre a luz e as trevas.

E os cientistas dizem: Na medida em que o tempo foi passando, aquela matéria explodida foi se distanciando, se resfriando e se agrupando, dando origem aos planetas estrelas e galáxias. Ficando distantes umas das outras devia ter uns lugares iluminados e outros trevosos, rapaz. Eu acho.

A Bíblia diz que isso tudo aconteceu no primeiro dia e muito crente afirma, confirma e bate o pé. Bobagem. Mas um poeta ou um cientista pode pensar dia como etapa. Poeta então pode qualquer coisa.

Aí a Bíblia dá seus pulos, fala das águas, do firmamento, da separação entre firmamento e água, que um estava em cima e outro em baixo, de manhã e tarde, essas coisas mais corriqueiras que aconteceram no segundo dia. Com um certo esforço poético, podemos pensar que aí está descrito o surgimento dos planetas de acordo com seus afastamentos e agrupamentos. Podemos, não podemos?

Deus, que nessa época andava muito bem disposto ao trabalho, disse: Ajuntem-se num só lugar as águas que estão debaixo do céu e apareça o elemento seco. E assim foi. Deu os nomes de terra e mar para os ajuntamentos e ficou satisfeito. Ficou mesmo, está lá no Gênesis. Ele sempre aprovou sua própria criação, viu que era boa. Só muito tempo depois deu de ficar chateado com algumas, afogou, queimou, virou-as em sal, mas no todo ficava satisfeito.

Mais um esforço poético científico e podemos ver que os planetas – a terra em especial – começavam a ter uma cara desmisturada.

Apreciando aquilo o Supremo disse – disse porque gostava de falar sozinho, nem precisava, mas era o modo d’Ele e não critico, pois minha mulher também fala sozinha – Produza a terra relva, ervas que dêem semente, e árvores frutíferas...

Se o planeta já estava desmisturado, podia receber vida, claro.

Mas aqui tem uma complicação: Deus só criou o sol e a lua depois de plantar a grama e as árvores frutíferas. Como é que planta nasce sem sol? Não nasce. Minha opinião é que foi erro de quem escreveu. Inverteu o terceiro com o quarto dia. Acontece.

Depois ele – o narrador – acertou, pois já com o sol e a lua Deus ordenou: Produzam as águas cardumes de seres viventes; e voem as aves acima da terra no firmamento do céu... Criou... todos os seres viventes que se arrastavam, os quais as águas produziram abundantemente... E viu Deus que isso era bom.

Rapaz, isto foi no quinto dia que nós, cientistas e poetas, podemos chamar de épocas.

Assim: o planeta melhorado, as plantas, a bicharada das águas.

Faltava o quê? Animais terrestres. Produza a terra seres viventes segundo as suas espécies: animais domésticos, répteis, e animais selvagens segundo as suas espécies. E assim foi. Tudo no bla-bla-bla, que a palavra é criadora ainda hoje. E por último: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; homem e mulher os criou.

É desse jeito, bem parecido, que os cientistas acham que foi: Átomo primordial, Big Bang, Separação e distanciamento, condições de vida geradas pelos corpos celestes em suas fúrias físicas, uns princípios de vida, evolução(?) até o top de linha, ecce homo.

A briga dos criacionistas com os evolucionistas está mesmo é no façamos o homem à nossa imagem e semelhança, pois se concordassem com Darwin, Deus seria mais parecido com um macaco, e eles não aceitam isso.

Se aceitassem teriam que admitir que Deus evoluiu também, o que seria impossível.

No mais é questã de opiniães.

Se Deus existe, coisa que não se pode provar, deve andar distribuindo por aí alguns pequenos benefícios e calamidades – pequenos na terra em relação ao universo – se não existe, coisa que também não se pode provar, os crentes têm boa imaginação.

Bom, pelo menos têm alguma imaginação.

Eu me mantenho agnóstico. E você?

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