segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Seção - Filosofia de Boteco: Dioniso Sóbrio XIII


Aforismos: Silêncio

Pode uma sociedade democrática se eximir de suas responsabilidades, mesmo sabendo que referida exceção, quando compartilhada, acaba colocando em lados opostos, distintos anseios? Não teria ela, pois, o papel de fazer com que tais anseios, não-importando o quão divergentes sejam, se tornem convergência em maioria? Pois bem, belo intróito, todavia, apesar de estarmos diante de uma realidade assim, o que se nota, principalmente quando a questão democrática sai do âmbito da política e abarca o âmbito intelectual-ideológico, é que a divergência, e tão-somente ela, seria a única responsável por fazer valer sua máxima. Dessa feita, onde há convergência, imagina-se, a coisa sai do âmbito intelectual e cai no ideológico. Imagino que ao longo da história da humanidade esta realidade aconteceu de uma maneira assaz desmedida. Importando aqui, pois, compreender o quanto realidades históricas como essas ainda perduram, não permitindo que a divergência se mostre de maneira patente, penso que, ainda precisamos aprender muito acerca do silêncio e da divergência, em especial quando o que está em jogo são direitos e condições mínimas de um ser humano poder compartilhar e, com isso, se inserir de forma plena nesta tal democracia. Em situações em que o silêncio não é uma escolha, mas uma medida de sobrevivência é que conseguimos compreender o quão a divergência tende a ser importante para o estado democrático - e aqui retiro a política do foco e coloco a consciência no lugar. Silêncio não significa falta do que falar, mas muito a se falar, porém, em território minado. Não sabemos até que ponto nossa democracia aceita este tipo de divergência - a divergência da consciência. Que a plenitude do intelecto também possa ser compartilhada pelo silêncio e pela divergência... é dos contrários, e para os contrários, que o Tempo se mostra em sua plenitude, consolidando saberes. Numa sociedade com tanta informação - democrática - como é a nossa, nunca o silêncio nos foi tão importante.

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