segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Estado Grego... Estado Belicoso!



Onde está a origem de tanta belicosidade, onde está a origem de guerra, de toda engenhosidade de batalha? Onde esta a constante diferenciação que vez ou outra nos acomete por este mundo afora? Onde está a origem dessa coisa tão humana que é a competição? Imagino que esteja em sua (em nossa) natureza, aliás, em sua (em nossa) constituição psíquica... ou mesmo no desmontar e remontar constante de sua (de nossa) alma e seu (e nosso) estado de espírito.

A necessidade de querermos ser melhor do que somos, a necessidade de querermos mostrar ao mundo nossa capacidade... tudo isso junto e misturado, tudo isso em nosso ser encaracolado; acaba por intimidar nosso espírito perante nós mesmos e encorajar este mesmo espírito perante o outro. Este segundo ponto é exatamente o ponto que corresponde à real natureza humana, embora tenhamos a consciência de que nossa natureza, nem sempre, se mostra como realmente deveria se mostrar.

Às vezes por estarmos envolvidos com o mundo do Estado, às vezes por estarmos envolvidos com outros seres humanos, temendo desagradá-los, ou mesmo, estarmos envolvidos com o senso-comum e toda seu caleidoscópio escravizante... Todas estas condições nos tiram a condição de sermos realmente quem somos. Nos tira a certeza de que a liberdade só aí está por um significado palavral e palavresco, jamais como algo realmente consistente e vivo. Pulsante em nossa natureza e desde sempre existente, todavia, escondido e intimidado por uma série de fatores... fatores estes que dizem respeito a nós mesmos e ao nosso convívio social escorchante.

Por um lado é-nos dado a opção, ou mesmo imposição, de assim sermos, por outro; o fato de estarmos envolvidos com o convívio social e com o universo humano, acaba por nos obrigar a desta forma agir, sem ao menos existir, por parte de nós mesmos, um questionamento ou mesmo um possível conhecimento desta situação escravizante. Quer-se, mais do que nunca, olvidar estas informações do ser... ser vivo e vibrante que circunda a natureza de cada agregado humano.

Cada criatura, nesse sentido, deveria ter um pouquinho de criador, um cadinho de desbravador e um tantão de grego... grego arcaico, grego homérico. O mesmo grego que deu ao mundo todos os elementos vivos e incontroláveis de nossa natureza grandiosa e poderosa.

E a esperteza que nos falta é justamente esta que outrora existira, e que se encontra encoberta; envolta de uma áurea um tanto quanto misteriosa e perigosa. Vejamos, pois, como Nietzsche retrata isso em O Andarilho e Sua Sombra: Como o querer vencer e prevalecer é um traço insuperável da natureza, mais antigo e mais originário do que todo respeito e alegria do igualamento, assim o Estado grego sancionou a competição ginástica e música entre iguais, portanto, delimitou uma arena onde esse impulso podia se descarregar sem pôr em perigo a ordem política. Com o declínio final da competição ginástica e música, o Estado grego entrou em intranquilidade interna e dissolução. (§ 226)

E como todo ser humano deseja desbravar sua própria coragem (ou mesmo, sua própria origem), o igualamento acaba sendo um castigo a todos aqueles que optam por quererem agradar a todos. A coragem do caos, que lhe existe, mas lhe falta, é a mesma que lhe foi confiscada em detrimento da ordem social e da escravização moral e política, tempos atrás. Resta a estes homens, dessa forma, reaver as rédeas de sua própria condução, reatando-se com sua natureza e seu impulso criativo... às vezes também destrutivo, o que faz parte de nossa existência, quando a mesma deixa de ser medíocre e mesquinha.

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