segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Seção: Filosofia de Boteco - Dioniso Sóbrio VIII


Aforismos: Doctor Suresh

É a habilidade do homem de lembrar-se que nos diferencia, como também de esquecermos que nos individualiza na espécie. Nós somos a única espécie que se preocupa com o passado, e precisamos fazer deste passado um novo presente, ou até um novo passado para as necessidades do espírito. Nossas lembranças nos dão voz, mostrando-nos, também, que podem nos deixar roucos; com gritos que tentam dizer vida e liberdade. Elas testemunham a História para que outros possam aprender e, com isso, reinventar seus quotidianos, ensinando-nos a esquecer deste passado quando o mesmo não convém à espécie, e à liberdade do espírito. Para que possam celebrar as nossas vitórias e nos advertir sobre nossos fracassos, ensinando-nos a deles nos usufruirmos. Existem várias formas de definir nossa frágil existência, e a memória, além de definir nossa frágil existência, também define a linha da História e o liame constante que a humanidade tem passado. Várias formas de dar significado a ela, significando assim uma nova-nossa-vida. Mas são nossas memórias que dão forma ao seu propósito, e dão contexto a ela, fazendo da História algo mais que fatos envoltos em bolor e pó. Os sortimentos particulares de imagens, medos, amores e arrependimentos, dando-nos nossa humanidade necessária, também nos torna titânicos. Por essa cruel ironia da vida é que estamos destinados a manter a escuridão com a luz. O bem com o mal. O sucesso com a decepção. Isso é o que nos separa, o que nos torna humanos. E no fim, temos que lutar para nos sustentar. Mesmo sabendo que a convivência destes opostos não nos é uma dádiva mui benquista.

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