domingo, 25 de novembro de 2007

Seção: Filosofia de Boteco - Dioniso Sóbrio IX


Aforismos: Cronologia

A idéia de novo, intriga de tempos imorredouros, diria até, do tempo dos deuses, é uma idéia que, apesar de sua pouca ou quase nenhuma percepção, devido, talvez, o grau de consciência que direcionamos sobre o tema, ou ainda, o nível externo que venha a confirmar este novo, por mais que nos ronde, nos incomode, e até nos faça meditar, sempre virá acompanhada de uma cronologia que, não necessariamente faz parte da gente e, no entanto, a nós foi deixada de herança para continuarmos sua jornada. O pequeno problema que disso advém é o fato de que, por mais que seja uma herança maldita - como em alguns casos acaba sendo - é sempre uma herança presente. A partir do momento em que o novo, a essa herança se incorpora, passamos a nos dar conta pelo tanto que isso venha a ser insignificante, ou até mesmo, o quanto o grau de conhecimento e discernimento deste novo possa ser, também, uma ilusão; como de resto grande parte de nossos anseios e, mesmo nossas preocupações, também o é. Para Heráclito, logo após, corroborado por Vico e Nietzsche (ambos estes dois últimos, questionadores do tema História, e sua infinitude de valores), a ilusão foi o primeiro sintoma de existência, de que o homem sabia que existia mais alguma coisa do lado de fora de sua caverna - se é que algum dia isso foi morada peremptória - que a mera escuridão de uma vida em família, ou em grupo. Juntamente com esse mistério, descobriu também o quanto a ilusão lhes fora importante para desenvolver certo raciocínio, seja ele mágico ou mesmo racional (sou da idéia de que ambas fazem parte de um todo um bocado ainda maior, e que há a necessidade de uma constante intromissão dum no outro, para que o mundo venha a se valorar, e até existir; imagino que fora por isso que criaram o tempo), e que deste raciocínio quanta coisa nova surgira(!). Pois bem, penso sim - e chego a asseverar, ao menos no atual momento, é claro, pois o novo pode vir a me subjugar - que são as ações do homem em seu dia-a-dia que acabam por criar valores e, consequentemente, por criar história. Diria até: história é uma consecução e um constructo de valores que nos amontoam dentro do armário, e de tão cheio acabam por transbordar... é onde aparece o novo... pequenos fragmentos de valores outrora criados e que não foram muito bem vistados - ou aproveitados - por nós.... seria uma miragem?

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