quinta-feira, 26 de junho de 2008

O Olho da Maça...



A Doutrina da Igreja, desde sua fundação que, segundo estes eclesiásticos antigos, se deu com a vinda de Jesus Cristo ao mundo, sempre teve a preocupação de buscar rebanho. E isso, naquele período – como tratado e considerado hoje –, levava o nome de educação: como pode ser visto no fragmento abaixo, pertencente ao livro Agenda Social: colecção de textos magisteriais, preparado pelo reverendo Robert A. Sirico: 1. Mãe e Mestra de todos os povos, a Igreja Universal [sinônimo para Igreja Católica] foi fundada por Jesus Cristo, a fim de que todos, vindo no seu seio e no seu amor, através dos séculos, encontrem a plenitude de vida mais elevada e penhor seguro de salvação. A esta Igreja, coluna e fundamento da verdade (cf. 1 Tm 3, 15), o seu Fundador santíssimo confiou uma dupla missão: de gerar filhos, e de educar e dirigir, orientando, com solicitude materna, a vida dos indivíduos e dos povos, cuja alta dignidade ela sempre desveladamente respeitou e defendeu. (Mater et Magistra, n. 1).

Não é por acaso que em dois momentos, em apenas este pequeno fragmento, há uma referência retórica bastante contundente, característica dos discursos persuasivos, dizendo-se coluna e fundamento da verdade. E uma outra referindo-se ao educar e dirigir, orientando com solicitude materna. Ambas as partes citadas, por si só, são sintomáticas para aquilo que estamos nos referindo como discurso fundador de verdades e, em consequência, criador de valores.

Nesse sentido, os valores que se querem verdadeiros têm características persuasivas e retóricas bem semelhantes; ambas se dispondo em construções emotivas e apacentadoras. Ao se referir à expressão materna, ou mesmo dentro da palavra educar, e ainda, na palavra dirigir, cria-se um círculo que tenta conciliar aquilo que temos de mais sagrado em nossa condição humana, com aquilo que temos de mais emotivo – razão e emoção dão o teor da confirmação valorativa. Eis, pois, quando o mundano e o sagrado dão as mãos... e é de mãos dadas que tento levar estas duas crianças a passear.

A polêmica que tal invectiva constrói apenas alimenta a persuasão retórica que ambos discursos representam. Antes, porém, de entrar em qualquer polêmica, nada como levantar a etimologia da palavra 'polêmica': advinda do grego e que tem como significação constitutiva a noção de guerra e combate.

Nada mais salutar que falar em combate quando os temas em questão são as convenções de mundano e sagrado, colocados em locais distantes e tão díspares dentro da Biblioteca da obra humana. Apesar de levá-las a passeio, retirando-as de seu recinto poeirento por alguns momentos.

A História sempre se encarregou de absolver os erros humanos, visto que a história é uma história humana e, como tal, displicente para com seus pares, no que concerne desvios de conduta... Será que o caminho torto, todo cheio de poeira, pode ainda nos mostrar algumas surpresas de passados remotos? Penso que não, há muito de Deus e de sacro neste caminho... duas condutas que se encontram acima de qualquer suspeita!

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