terça-feira, 3 de abril de 2012

Novas Práticas de Leitura



Pensado sob uma perspectiva social, o letramento entra em cena, ao substituir a alfabetização, com a intenção de dar um maior significado à escrita, para aqueles que dela estão se iniciando. O impacto social desta primeira escrita, ou mesmo das primeiras letras, faz com o que o indivíduo sinta uma situação de pertencimento ao grupo, principalmente quando nos referimos a um grupo tão focado em tecnologias como é o da sociedade contemporânea. Não é mais só aprender a ler e escrever, mas construir uma linguagem social que represente este educando, e em tempos de Era Digital, este tema ganha ainda mais espaço na rede, visto que a Internet é um grande universo, onde cada tribo, conhecendo-se, e aos outros, tenta inteirar-se de sua identidade, ganhando com isso uma nova faceta.

Também as próprias práticas sociais de leitura e escrita e os eventos em que elas ocorrem compõem o conceito de letramento, visto que é por meio destas práticas que o indivíduo se reconhece enquanto ser pensante e que constrói seu próprio saber! Quer-se, com isso, muito mais que alfabetizar alguém.

Um evento de letramento é qualquer situação em que um portador qualquer de escrita é parte integrante da natureza das interações entre os participantes e de seus processos de interpretação. (Heat: 1982: p. 93)

Além do mais, letramento não pode ser pensado apenas como mera repetição, ou introdução de um indivíduo em sua sociedade escrita, mas, um evento garantidor de identidade para determinado grupo e determinada sociedade. O indivíduo precisa ter participação efetiva de seu grupo, e isso não pode vir apenas com a ação de saber ler e escrever, mas de pertencer, participar e se fazer existir. Sua validade no grupo depende de como ele se enquadra no mesmo.

Busca-se assimilar competências discursivas, ao adentrar o universo da escrita por meio do letramento, e competências cognitivas ao saber se posicionar perante seus iguais. Situação que confere ao indivíduo um determinado e diferenciado estado de ser e condição de existir social e culturalmente, como ser inserido numa sociedade letrada. Letramento seria então, conforme Soares (2002: p. 146): estado resultante da ação de letrar, um vero que segundo a autora, ainda precisa ser dicionarizado para que a palavra tenha sua completa compleição.

A cultura do papel vem sendo tragada pela cultura da cibercultura, resta-nos saber lidar com os dois de maneira que o letramento não seja prejudicado. Imagina-se que este universo novo acaba favorecendo o surgimento de uma nova escrita (em papel ou eletrônica), fazendo com que o letramento ganhe ainda mais significado para aqueles que dele se utilizam, ou são evidenciados.

Além do letramento, nossa língua também garante esta sensação de pertencimento. E só falamos o português porque é algo que nosso universo criou e que fomos criado pelo mesmo. Nosso universo, nossa vida e nosso língua são nossos instrumentos de validação do ser, ser-no-mundo. Nos validamos quando nos tornamos ser-no-mundo, e nossa língua tem esse papel, por isso a grande importância em fazer com que o letramento seja mais que um primeiro contato com o mundo.

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