sábado, 4 de agosto de 2007

Águas de Um Rio Que Não Volta Mais


Ele passou, não me levou, e por isso mesmo não poderei em teu limo pisar!!! Apenas as pedras são as mesmas!!!! Nos mesmos rios entramos e não entramos, somos e não somos, deixe-o passar! Heráclito assim o quis, como a um chamamento à Dionísio!!!

Apenas após tua língua quente, Deusa Clio, pude compreender a força destas palavras. São elas que, a mim e a Heráclito, consegui compreender a força de tua onda devastadora!

Por isso, novamente evocamos a Heráclito, e de novo: Desse lógos, sendo sempre, são os homens ignorantes tanto antes de ouvir como depois de o ouvirem; todas as coisas vêm a ser segundo esse lógos, e ainda assim parecem inexperientes, embora se experimentem nestas palavras e ações, tais quais eu exponho, distinguindo cada coisa segundo a natureza e enunciando como se comporta. Aos outros homens, encobre-se tanto o que fazem acordados como esquecem o que fazem dormindo.

Pois, a Deusa Clio a mim, me acordou, e sua força me fez ainda mais ignorante. Ignorante por não saber como tanto pó acumulou sobre Ti... apesar de ter feito-me acordar de um sono profundo, mostrou-me como o mundo a mim não mais me pertence! E de novo Heráclito a me chamar: Se não fosse Dioniso a procissão que fazem e o hino que entoam com as vergonhas, realizariam a coisa mais vergonhosa, mas é o mesmo Hades e Dioniso, a quem deliram e festejam.

Séculos depois, e nem mesmo a Genealogia conseguira retirar tanto pó..... homem, que acontecestes contigo depois do velho Sócrates. Quanta falta tu me fazes!!!! Quando foi que deixastes de me acompanhar nos bosques, com Sileno? Quanto tempo não nos vemos? Imagino que o velho Sócrates o tenha envenenado!!!! Por isso sumistes de mim, por isso estás a se encobrir no devir heraclítico!!!

Seara mitigada, campo várias vezes desbastado, este campo chamado homem! O quê dizer de uma campina que, mesmo após tanto vento e erosão, ainda nos dá a grata surpresa de sempre vida nova! Quanto mais nova se queda, mais se encobre tua real condição.... existência mesquinha, essa de séculos depois.... deixamos de ser homem para tornarmo-nos um prólogo euripidiano!

Volte a ser o que sempre foi, homem de Sófocles!!!

Clio, dá para voltarmos antes de assentado o pó?

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