domingo, 2 de outubro de 2011

Entre o Fazer e o Pensar


 

Aristóteles associa a alma com nossa capacidade de conhecimento, nossa relação com a produção de conhecimento, mais precisamente. Desta forma, a investigação sobre a alma é importante por ser, ao mesmo tempo, investigação sobre a capacidade humana de conhecimento e sobre como o conhecimento intervém no dia-a-dia de nossos afazeres.
Para a Filosofia, e mais precisamente para Aristóteles, alma é aquilo que organiza a vida e, no caso humano, constitui o princípio do pensamento, é aquilo que faz com que todo o ser do homem seja organizado; e que, além de organizado, seja coerente. Uma aproximação menos arriscada seria a de dizer que essa alma dos gregos está mais próxima do que hoje nós chamamos de inteligência; quer dizer, é aquela capacidade humana de resolver problemas por meio da razão, do pensamento abstrato, da memória, da analogia e de todos os atributos mentais que usamos. Nesse caso, podemos dizer que a inteligência se aproxima daquilo que é o principal atributo da alma: o intelecto.
Além dos atributos da alma, sua relação com o fazer humano se encontra, ainda conforme Aristóteles, com o uso da experiência, logo, o uso da experiência pode ser de grande valia para a produção da ciência e do conhecimento, por outro lado, uma experiência sem respaldo teórico é meramente repetição (isso em se falando nos dias de hoje, com a noção um pouco diferente daquela empreendida por Aristóteles), nesse sentido, eu diria que a arte precisa de algo mais profundo, bem como a ciência também, apesar de sabermos também que sem a experiência, tal como apresentada por Aristóteles, não se faz arte nem ciência. Sua profundidade não se traduz apenas em experiência (que pode apresentar também tábula rasa de alguma situação), mas em se utilizar da experiência para ir mais a fundo. 
Desta profundidade podemos dizer que se constrói a ciência e a arte, visto que ambas não são obra do acaso, nem tampouco do mero acerto sem pensar. As consequências do conhecimento estão em sempre colocá-lo à prova, daí o uso do raciocínio junto à experiência; e não somente esta última, desligada do raciocínio. 
Que a repetição da experiência não se traduza em raciocínio profundo, mas em complemento para que o raciocínio profundo apareça. Mais que isso, quando afirma que a experiência deriva da memória, automaticamente, Aristóteles está dando um grau de maior valia à mesma, colocando-a lado a lado com sua noção de alma, ou seja, sua noção de intelecto.

Nenhum comentário: