terça-feira, 29 de abril de 2008

Nietzsche e o Fim da Onda Neoliberal de Bresser-Pereira

Para Nietzsche, falar em Política (seja com P maiúsculo ou minúsculo) sempre foi uma aventura que vingaria e viria a se completar apenas quando colocássemos em jogo ela com uma quase-irmã sua: a Moral. E assim, o tema mais espinhento que a perpassa – e sempre perpassou (!), seja de forma pejorativa, seja positiva –, como é o caso da Moral, estaria nos deixando órfãos de explicações plausíveis, sem que não pudéssemos vinculá-la aos dias de fome das Horas de hoje – como se utilizar de uma queixa do século XIX, colocado por Nietzsche como O Niilismo Europeu, logo abaixo reescrito, ainda hoje, décadas depois?

Ou seja, não dá para desvincular o Ser do Fazer e, principalmente nos dias de hoje, do Ter; teoria que se lançada com mais espaço e mais tempo descamba no fim da consequência pós-1989 e a traumática queda do Muro de Berlim, além de um tema, ainda mais novo: defendido por Bresser-Pereira em artigo da Folha de São Paulo de 21 de abril, do corrente (http://donadaumblog.wordpress.com/economia/fim-da-onda-neoliberal/). <<Será isso sintoma da tal da Pós-modernidade?>>

Isso nos leva a crer que as grandes ideologias, seja de que lado floresceram – e quais novas virão –, já não mais dão conta das explicações do mundo, e ainda, apenas reforçam o seguinte: “Por outro lado, o mito da greve geral e da violência revolucionária só encontra sustentação numa reelaboração de Nietzsche, ou pelo menos, levando em conta suas idéias. Nesse sentido, a ação direta libertária e a autogestão pressupõem um autogoverno politicamente anti-opressor, mas psiquicamente também, exige um superego imponente. Sendo assim, a ação direta só é possível e digna se estudada, descrita e discutida quando consideramos também as contribuições da psicanálise e das anti-teorias pós-modernas”. Dessa feita, quando da referência sobre o Anarquismo, não colocando outras tantas como o Socialismo, Capitalismo, Neoliberalismo... e tantos outros ismos que nos perseguem desde a invenção da junção das letras!

Sinto que falei por demais; lançarei o aforismo §1 de Nietzsche (datado de 10/06/1887), pertencente ao fragmento de título O Niilismo Europeu, citado acima, e deixarei o leitor opinar a respeito, depois volto a falar sobre... ideologias sempre me dão nós; nunca consigo saber qual é a sua: “Quais vantagens oferecia a hipótese moral cristã? 1) Ela conferiu ao homem um absoluto valor, em oposição à sua pequenez e casualidade na corrente da [sic] vir-a-ser e do passar. 2) Ela serviu aos advogados de Deus, na medida em que deixava ao mundo, a despeito do sofrimento do mal, o caráter da perfeição – incluída aquela 'liberdade' – o mal aparecia como repleto de sentido. 3) Ela institui no homem um saber acerca dos valores absolutos e, com isso, deu-lhe o adequado conhecimento justamente para o mais importante. Ela evitava que o homem se desprezasse como homem, que ele tomasse partido contra a vida, que ele desesperasse ao conhecer: ela foi um meio de conservação; – in summa: moral foi o grande antídoto contra o niilismo prático e teórico.”

Penso que tanta elucubração do que poderia ser, e tanto tentar-explicar ideologias, acabe se dando neste fim, mostrando o quanto uma fonte comum, de dois mil anos de existência, ainda pode nos colocar em tantas Bandeiras..., defendendo e atacando sempre!

Um comentário:

Walmir disse...

Pois nem imagino que o neo-liberalismo foi mesmo (ou é) uma ideologia. É tentativa de países e corporações ricas de aumentar ainda mais suas riquezas ditando normas de mercados para outros países, aqueles que não se sentam na janelinha romariana.
O que se vem construindo a partir e tentativa e erro - com todas as infâmias possíveis de entremeio - são estados democráticos, um olhar social efetivo, um mercado menos predador.
Quando penso anarquismo, penso em leis da natureza onde cada um ou cada grupo tem que ser forte o suficiente ou perece. No seu niilismo, o próprio Nietzche andou metido numas infâmias pessoais, sossobrou viventes, amigos, amores.
Mas há aspectos de auto-gestão que não podem ser excluídos.
Penso que na economia, na política e na arte os novos paradigmas nãos
eliminam os anteriores.
Nas ciências, sim.
Ninguém mais pensa ou admite o sol girando em torno da terra.
Na arte, as antigas tendências e técnicas convivem muito bem com as contemporâneas.
São incorporadas.
Na políticas há reinados nórdicos - com as devidas incorporações das novidades - que convivem com a democracia social deles.
Não desacredito também, em renego as ideologias.
Penso que o mundo pertence ao tempo, e cada tempo traz suas bonanças, misérias e desagios.
Vamos continuar trocando estas figurinhas.
Paz e bom humor sempre que não for impossível.
walmir
http://walmir.carvalho.zip.net