quarta-feira, 30 de abril de 2008

Experiência do Nada ou Contexto de Mundo?


Uma Quase Resenha...


Guy Van de Beuque em Experiência do Nada como Princípio do Mundo, nos afirmará que o sentido do ser pode não ser uma matéria da ciência e, como tal, de difícil significação, mas sempre foi, e será, o fundamento e o horizonte que lhe dão o contorno de seus limites – limites que nos são importantes para fazer-nos compreender o local que, hipoteticamente, estamos sondando, ou ainda, o local onde estamos situado. E como contorno, jamais núcleo ou centro, sua significação apenas nos advém a partir de seus limites.

E, como sabemos, estes limites nos serão dados no contato com a natureza e seus elementos de significação cognoscente; seja por meio da experiência, da empiria, ou por algum sintoma da metafísica.

E aqui há uma menção clara ao devir de Heráclito de Éfeso, pensado por Olímpio Pimenta em A Invenção da Verdade, interpretando Nietzsche, ao considerar a crítica da ontologia: Considerando em conjunto a crítica acima esquematizada, fica claro que, para Nietzsche, as expectativas metafísicas em torno da permanência só podem pretender justificar-se na medida em que se reconheçam como negócio exclusivamente. Assim interpretadas, não são substrato, princípio ou sustentáculo de qualquer realidade, mas, diferentemente, são marcas da relação do homem com o mundo, sintomas de um tipo especial de leitura ou apropriação das coisas efetuadas em função de impulsos e interesses particulares da espécie. Sua conexão com a verdade depende de seu proveito vital, de seu valor ou não para a vida dos grupos que as instrumentalizaram nos trabalhos inerentes à sua existência concreta.

Razão e metafísica, nesse contexto, têm uma proximidade muito grande, desde que não haja uma interferência externa, ou seja, advinda da experiência. Mesmo porque, pretender pensar esta natureza, ou mesmo este ser como a algo permanente, em justa medida, é comprometer o real núcleo deste conhecimento. Se, por um lado, apenas o vemos dentro de seu limite, aliás, apenas o vemos em seu limite, compreendê-lo dentro de uma ontologia inerte, ainda mais, torna-se mero sistematizar.

Afirmação essa que não significa que este saber esteja totalmente amparado na razão, ou tão-somente na metafísica, mas nesta, ou naquela – e em ambos elementos, fazendo-nos, inclusive, repensar o termo metafísica –, e nos sentidos, isto é, também nos instintos (talvez aqui a noção de inato tenha uma re-significação, visto que, por inato seria, justamente, penso eu, uma natureza subjetiva que está no homem, e advém dele a partir de certos impulsos ou reflexos).

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