quinta-feira, 12 de março de 2009

Prefácio Pouquíssimo Interessantíssimo... de um livro nunca publicado

E Mais uma Criança Nasceu...
Com cara de Abortada



A bandeira preta da multidão carregada e os barulhos das máquinas paradas que não fazem barulho. O que me dói é saber a dor e dizê-la, mas dizendo desfaz a dor, ai, muito Pessoa no isso.

O dia de sol claro molhou de raios a folha que só podia ser branca, mas era preta qual minha dor. Já dizia Mário de Andrade o cara que estou tentando plagiar agora, mas não estou conseguindo e essa é a intenção não intencional, em princípio, porque é melhor que a priori. O que Mário de Andrade disse mesmo, xi, esqueci.

O tecnologismo é um plágio mal feito do mundo. Da realidade. Iii, acho que era vírgula no lugar do ponto. Ahh, língua maltratada e, por isso, mais digestiva e deliciosa, já imaginou o Grande Sertão: Veredas em linguagem culta, eu tirava o Guimarães do meu nome, ou melhor, não precisava o meu Guimarães seria mais conhecido do que do Rosa, ai que soberba.

A moda da antimoda pretende ser o tecnologismo, o tecnologismo sem moda é a moda do tecnologismo inversamente no desfile da antimoda, que não desfila, se é que me entendem. Mas se não, tudo bem, a boa frase não é a inteligível, mas a que nos faz necessário passar pelo crivo do pensamento. É aquela a qual nos identificamos. Será? É isso. É o que nos deixa dúvida e a dúvida é o preço – lembrem-se  – da pureza. Oba, essa citação eu não dou referência, só dica: é de uma banda que previu o futuro. Difícil. Vale um milhão em dólares argentinos. Não querem, ahh, tudo bem, eu também não.

Meu deus: gritou alguém, deus não, Deus. Porque Deus que é Deus só é Deus se for Deus com letra maiúscula, pelo menos a inicial. Ai que tanto Deus, mas ainda são poucos para os que têm no mundo. A criatividade e a fragilidade humana é insuperável, tem Deus para tudo o que é gosto, quem dera fossemos imortais, assim, não existiria nenhum Deus para crermos. O meu Deus não existe, pois acho que é muito egoísmo ter um Deus só para mim. Um Deus que me ajuda a fazer um gol, a ficar rico, um Deus para cada desejo mesquinho. Já tem gente – que coloquial – vou tentar de novo, ou melhor, outra vez. Há pessoas – foi o máximo que consegui – que falam mais no demônio que em Deus, vêem demônio em tudo – repare demônio é em minúsculo – afinal de bom mesmo, ele só inventou o Rock, e que invenção, heim? Mas como eu ia dizendo, tem gente que se um cachorro faz xixi, ahh foi coisa do demônio. Eu acho, é lógico se sou eu que estou falando é claro que eu acho, evitem o eu acho, denota insegurança, mas vou lá, Deus e o demônio têm coisas mais sérias para fazer a ficar se preocupando com picuinhas. E a inteligência humana não é capaz de tomar consciência de algo que está para além dela, de qualquer forma, moralmente é muito importante acreditarmos em Deus com inicial maiúscula, ajuda a lembrarmos da fragilidade humana e a enaltecê-la, diante da incomensurável pilha de porquês qual aquele monte de tartarugas que segurava o mundo há alguns milhões de anos.!? Lembra? Nem eu, não sou tão velho assim. Mas o problema é justamente o enaltecimento. O ser humano também é grande, diria, em certo sentido, ou em todos os sentidos, maior que os Deuses, pois inventou um Deus para cada necessidade, para cada cor e gosto.

Arrá, pensaram que eu ia colocar o atrás tal qual o Raul Seixas (estou me referindo a frase das tartarugas, há algumas linhas acima, [repararam no “acima” está no mesmo sentido do que atrás, isso quer dizer que eu dancei!] a escrita é muito linear não dá para expressar a difusão da mente, mas eu estou tentando), se enganaram quadradamente, mas como o meu word não reconheceu o quadradamente é melhor o usual: redondamente. Mas veja só, meu word não aceitou nem mesmo seu nome, e tá bicho burro, até parece o cachorro da Fernandinha que não aprecia o comercial bacana de frango, mas o cachorro é mais esperto.

E já dizia um famoso reacionário revolucionário talvez, por isso, famoso, que a televisão mente, mas o fato é que essa citação não tem a menor importância até porque o cara torce para o Fluminense, e foi devido ao próprio, ou melhor a derrota do Fluminense, mais especificamente, a um gol sofrido que ele cunhou essa frase; portanto, não é muito certo do(a) (G)globo, não por ter criado essa frase, mas por torcer por Fluminense –, eu também simpatizo pelo time – como diz meu colega (certo do globo) da vila Tocantins, este eu cito porque ninguém o conhece, mas aquele eu só dou dica: é, foi, será, sempre, porque artista não morre descansa na obra que respira o elixir da imortalidade: o amor que brotou do tempo não tem idade, pois quem ama escutou o apelo da eternidade. Xi. Agora já são duas dicas o primeiro: é irmão do Maracanã, o segundo nos ensinou que o amor se ama não se aprende, ou melhor, aprende-se making love (só para mencionar uma linda música do Air Suply e para lembrar do tempo em que transpirava dançando-a) igual Deus, não se explica apenas fé é o que há, se for explicar você vira um ateu ou agnóstico que no final das contas é um ateu dissimulado, covarde. Mas, o meu colega do: não é certo do globo, é o Juninho gerente de um restaurante em Londres que na falta de funcionários com melhor (des)qualificação acaba exercendo a função de lavador de pratos.

O tecnologismo é a fé pessimista escancarada, é o homem se projetando em seu sonho, é o sonhar acordado, pensando dormir sonhando, pensando que o sonho é o sonho de outro e que a vida é apenas um sonho de alguém. É o verso embriagado de baba, do nojo do vômito no chão sujando o esgoto, mas é também o grito surdo à beleza seca, ao luxo vazio, é o escárnio ao escárnio petulante é a lama saindo das galerias a inundar os bairros nobres, é a pobreza engolindo a riqueza que a criou, mostrando a ela, a riqueza, que não é mais possível fugir, é, finalmente, a ciência que um dia, para ser ciência, precisou ser apropriada, hoje para continuar sendo ciência, tem que ser socializada.

Agora, achem logo um planeta habitável, porque do jeito que está indo, esse aqui não vai durar muito tempo.

Meu sonho era ter desenhado a Crise nas Infinitas Terras, onde se tinha uma terra para cada super homem até que foi engolido pelo universo de antimatéria, mas depois de uma noite estressante, decidi ser escritor, mesmo sem saber escrever, achei que isso não era importante. Mas, antes disso, sonhava em ser o Pita do São Paulo, desse sonho eu só desisti com os meus quartoze anos, ou melhor, com uma pancada no joelho quando tinha essa idade, ou com o trauma infantil de ter ficado 1 ano sem andar. Depois falei: vou ser jornalista esportivo, porque todo jogador frustrado que se preze torna-se comentarista de futebol, isto é, aquilo que ele nunca soube fazer bem, passa a ser objeto de sua crítica.

Enfim, depois das finanças terem inviabilizado minha carreira de jornalista e, por tabela, a de economista, optei por ser historiador. E me parece que foi uma decisão certa do acaso. O acaso que faz parte da história e como faz, certa vez, quando já tinha lido todos os livros do Sidney Sheldon – pelo menos até 1996, pois ele escreve um por ano –, decidi me tornar intelectual, então peguei um conto do Sartre na prateleira da biblioteca municipal da qual eu era freguês. O conto era O Muro. Nossa que pedantismo, mencionei Sartre só pela importância do acaso em minha vida.

O pedantismo, no entanto, não é algo terrivelmente ruim, há um lado de positivo em ser pedante. E quero a todo instante falar do que eu não sei, claro do que eu sei também, mas o que a gente não domina é muito mais prazeroso palrar. Palrar, esse é um exemplo concreto do meu pedantismo, pelo menos nesse caso não precisei consultar o dicionário (o livro que mais li em toda minha vida, e o mais chato), até porque eu também, na biblioteca pública, lia Machado de Assis, José de Alencar, Aluísio de Azevedo, etecetera ou et cetera, como queira, só dou essas duas alternativas porque eu não gosto de abreviaturas, sem bem que, no caso da palavra abreviatura seria até bom, ela é grande demais para significar uma redução.

E tem mais, não acabou. Eu verti lágrimas pela morte da Bertoleza. E até meus poucos vinte anos eu ainda preferia:

Além muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema.

Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna, e mais longos que seu talhe de palmeira.


O favo da jati não era doce como seu sorriso: nem a baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado
”.

À:

Idéia Fixa de Brás Cubas

A minha idéia, depois de tantas cabriolas, constituíra-se idéia fixa. Deus te livre, leitor, de uma idéia fixa; antes um argueiro, antes uma trave no olho.(...)

Viva pois a história, a volúvel história que dá para tudo; e. tornando à idéia fixa, direi que é ela a que faz os varões fortes e os doidos. A idéia móbil, vaga ou furta-cor é a que faz os Claúdios –, formula Suetônio.

Era fixa minha idéia, fixa como... Não me ocorre nada que seja assaz fixo nesse mundo: talvez a lua, talvez as pirâmides do Egito, talvez a finada dieta germânica. Veja leitor a comparação que melhor lhe quadra, veja-a e não esteja daí a torcer o nariz, só porque ainda não chegamos à parte narrativa destas memórias
”.

Talvez o leitor não saiba, que pretensão a minha, nem sei se o que escrevo um dia será lido por outros olhos, nem sei se quero. Mas como dizia Mário de Andrade, antes que eu me esqueça de novo, ai me esqueci. Parece com o “ai que preguiça” de um tal Macunaíma. Mas o fato é que Machado de Assis dado na sétima série é anular futuros leitores, pois nenhum aluno em sua tenra idade tem saco para ficar consultando dicionário, muito menos percorrer a escrita ébria e reflexiva, irônica do realismo machadiano. Portanto, o romantismo e sua linguagem hiperbólica chamou-me mais atenção. Embora naquele tempo, por ser fã de Darwin, devido à aula de biologia mais legal que já tinha presenciado (eu odeio biologia, como Rotten odiava Pink Floyd, aliás, o meu ódio é um pouquinho maior, não era tão pitoresco, mas era maior, aliás, é, pois eu continuo odiando biologia, embora hoje exista o assunto clonagem, que todos têm que estar atento e, além do mais, como direi a frente, genética é legal), até a aula de genética, sobre Mendel e, claro sobre os sistemas reprodutores humanos. Assim, passei admirar a forma como foram construídas as personagens de O Cortiço. Posteriormente, leituras como a de Renato Ortiz, fez-me repensar o meu gosto, que, inevitavelmente é mais racional hoje em dia, mas Kant disse outro dia para mim que o valor estético está ligado ao grau de razão, então tudo bem. Mas Germinal é maravilhoso, e Zola também tinha outras influências que o naturalismo brasileiro nunca chegou a ter.

Basicamente essas são algumas das minhas influências literárias, Frank Miller e Alan Moore foram outras, On The Road, Grande Sertão Veredas embora ainda esteja na página 137, Cem Anos de Solidão, Incidente em Antares que influenciou Gabriel Garcia Márques, continuando, Fernando Pessoa, Carlos Drumond, Clarice Lispector, Kafka, Balzac, Flaubert, Sartre, Dostoievisk, Gogol, Tolstoi, Henri Beyle e outros que não me lembro. Creio eu, no entanto, que nada me entusiasmou mais que as letras de Cazuza e Renato Russo literariamente, ainda que, sem a melodia, as letras não teriam aquela densidade metafísica que Hermano Viana utiliza como ilustração à música da Legião Urbana que, no entanto, é de Guimarães Rosa. Apesar disso, o contato com tais obras foi responsável por uma mudança de foco em minha vida.

Ê... veja só, lembrei o que ia dizer acerca de Mário de Andrade, é mais ou menos isso, como já deixei claro, minha memória é muito caprichosa. Ele uma vez escreveu que publicou seus versos por vaidade, e se não os tivesse publicados seria mais vaidade ainda.

Sou, portanto, o homem mais vaidoso do mundo.

À liberdade.

Por amor, eu cuspo no chão e digo adeus.

Vódkas, lamúrias e devaneios... numa noite qualquer de 1998.

Um comentário:

Walmir disse...

Mano oh mano que andas por Joyce e sua escrita sem respiração que Gabo andou a exercitar e a cujo comentário me obrigo à culpa de gosto por inspirações embora saiba impossível abarcar tão imumeríssimos assuntos que desaguaram de deuses Deus diabo tecnologias letras músicas roseanas prosas e poesias meu comentário é que tudo está bem e muito bom em compreensão duradoura pois incompreendida.
Paz e bem.