terça-feira, 1 de julho de 2008

Arquivo de Mortos-Vivos

Arquivos de Memória...



De onde vem esta urgência suprema para rompermos com nossas tradições mais íntimas? Povos viram que foram jogados aos ventos das revoluções as cinzas de um velho lugar, arrastados por forças invencíveis, e por discursos convincentes. Vamos, por isso, entregarmos nossos fluidos mais inconsistentes, sem que uma gota de suor não saia de nossas faces ruborizadas? Imagino que sim, apenas em força há o desenvolvimento e a ascensão. Nem por isso, no entanto, vamos nos entregar, dispersando nossas forças junto a estas cinzas evasivas. Não podemos nos entregar ao sopro ligeiro dos caprichos alheios.


Não se assinala um só mal público que tenhamos que promover para aquém da opinião comum. Há sim a necessidade de uma reforma, aliás, e em última instância, há a necessidade de uma revolução conceitual e dialógica, donde o discurso não seja mais presilha que agrilhoa, e sim instrumento que liberta.


Arquivos de memória não podem ser pretexto para que se esconda o conhecimento e o saber. Arquivos de memória devem, sim, ser abertos aos olhos do mundo. Isso ocasionará esta revolução que almejamos. Isso porá fora a poeira que o tempo escondeu, deixando às claras as chagas que este tempo ocultou.


Se de um discurso podemos construir uma verdade, de um arquivo obscuro podemos instrumentalizar nossa memória. E que o esquecimento seja apenas um lamento historial de um momento benquisto.


Existem histórias que precisam tornar, de fato, história comum. Não podemos mais ser reféns de histórias que não nos comportam, não permitindo que tenhamos o pleno controle destes resíduos historiais distantes.


Conhecimento e saber não podem ficar atrelados, unicamente, à teologia e à filosofia, há que ser sentido como a um gongo inoportuno. Se temos tiranos que não permitem este tilintar, que os mesmos sejam depurados, tirando de suas entranhas um novo começo, com novas informações de discursos. Muitos foram os que, dentro do conhecimento, quiseram que sua verdade não brotasse. Outros, se utilizaram de um conhecimento forjado para impor suas verdades. São momentos que se iniciam e se findam, há sempre um círculo virtuoso neste processo.


Um início que, mesmo descambando ao léu, ainda assim um começo possível para uma possibilidade de libertação futura e presente. Este presente que começou com histórias antigas, lendas antigas e mentiras sempiternas. Mentiras que se convertem em esperança... esperar o dia em que verdade deixará de o ser apenas por convenção, nem tampouco por convicção, mas por puro e constante martelar de dados, fatos, fontes, mentiras e outras verdades.


O que dizer de uma história que só o é tal como se encontra, no desvão de memórias torpes... temos também o direito à nossa memória..., uma memória não-mostrada como um arquivo de mortos-vivos, mas uma memória de vidas em fúria...


Que esta furiosa 0nda possa ecoar em desvão outrora bastante escuros... temos direito, aliás, queremos ter direito à nossa memória de volta!



Um comentário:

Walmir disse...

NO ENTANTO A HISTÓRIA É MESMO A HISTÓRIA DOS VENCEDORES DO MOMENTO. ELA PREVALECE ATÉ QUE SURJAM OUTROS VENCEDORES (OU PREDADORES VITORIOSOS?)OLHA O CASO DAS ENORMES FAVELAS EM QUE SE TORNARAM NOSSAS CIDADES. FOI IMPOSTO AOS PAÍSES DO SUL O PAPEL FORNECEDORES DE COMIDA E DE MATÉRIAS PRIMAS. COM ISSO O AGRONEGÓCIO CRESCEU, EMPURROU PARA A PERIFERIA DAS CIDADES, DRAMATICAMENTE NOS ANOS 1970 E 1980, A MAIORIA DA POPULAÇÃO. A LUTA PELA TERRA - IMEMORIAL - FOI VENCIDA PELO AGRONEGÓCIO. OS MISERÁVEIS, NAS FAVELAS, DISPUTAM A INFORMALIDADE DE SERVIÇOS - DESDE OS LEGAIS AOS ILEGAIS. AÍ CRESCEM PRECONCEITOS, LIMPEZAS ÉTNICAS, RELIGIOSAS. ELES TÊM QUE EXCLUIR ENTRE SI.MATAM-SE. ENTÃO CHEGA O PONTO EM QUE COMEÇAM A MATAR TAMBÉM NOSLIMITES TERRITORIAIS DAS CLASSES MÉDIAS E RICAS. SURGEM INSEGURANÇAS DESTAS E A GRANDE MÍDIA PIPOCA NA CAÇA A BANDIDOS, NA CORRUPÇÃO POLICIAL, POLÍTICA, SEM PERCEBER QUE VENCEDORES NO AGRONEGÓCIO,TORNAM-SE PERDEDORES COM O ASSÉDIO DAS CIDADES ONDE SE JULGAVAM INTOCÁVEIS.
E, POR SEU TURNO, CONTINUAM SONEGANDO IMPOSTOS - A SONEGAÇÃO É INCRÍVEL (DESDE A CLASSE MÉDIA).SÓ NÃO SONEGAM OS TRABALHADORES COM CARTEIRA ASSINADA. E BANQUEIROS, EMPRESÁRIOS E SEUS BONECOS DE VENTRÍLOCOS NA IMPRENSA RECLAMAM DA CARGA DE IMPOSTOS, FAZEM CAMPANHA, DIZEM QUE É PRECISO DIMINUIR GASTOS PÚBLICOS. O QUÊNIA, NO ANOS70 TINHA UM DOSMELHORES SERVIÇOS DE SAÚDE DA ÁFRICA. RESOLVERAM DIMINUIR O TAMANHO DO ESTADO. OS MÉDICOS FORAM EMBORA. FORAM PARA EUROPA, EUA. HOJE AS DOENÇAS CAMPEIAM POR LÁ. E VEM UM SALVADOR DIZENDO QUEÉ PRECISO AUMENTAROCRÉDITO AO MICRO EMPRESÁRIO: "dÊM UM POUCO DE DINHEIRO AO POBRE E LOGO ELE SERÁ UM EMPRESÁRIO". BOBAGEM. OLHANDO AS PESQUISAS VÊ-SE QUE NADA MUDOU. OS POBRES CNTINUAM PAGANDO MAIS IMPOSTOS DO QUEOS RICOS. E NECESSITANDO DE AMPARO SOCIAL CADA VEZ MAIOR. E AS EXCLUSÕES E RESERVAS DE INFORMALIDADES - LEGAIS E ILEGAIS - NAS PERIFERIAS PROLIFERAM.
O QUE É PRECISO É UMA POLÍTICA FISCAL JUSTA E QUE SEJA CUMPRIDA. PODE-SE FAZER ISTO DENTRO DE UMA DEMOCRACIA BURGUESA? TALVEZ. NÃO SEI. UM PREFEITO, UM GOVERNADOR, UM PRESIDENTE ELEITOS DEMOCRATICAMENTE SEMPRE DECEPCIONAM SEUS ELEITORES. ELES PODEM MUITO POUCO. PROMETEM MAS NÃO PODEM CUMPRIR. QUEM MANDA SÃO AS GRANDES CORPORAÇÕES.
PAZ E BOM HUMOR, MANO BLOGUEIRO.
Walmir
http://walmir.carvalho.zip.net