terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Devaneios de Mim Mesmo...


L.A.M.
Parte I

Benévola disposição esta que vos oferto o libelo da liberdade... nada temais com relação ao absurdo, à vontade, à liberdade e ao trabalho... só me perdoeis aqueles fragmentos onde a contextura das palavras se desfalece, ainda não aprendi a convencer-me de que minhas palavras brotam das mentes insanas, aliás, falam pelas mentes insanas.

Desde o suplício clássico de Prometeu perante os abutres, e o sofrimento de Sísifo perante o monte, seguimos a sina da liberdade... sempre a perseguindo... por traços mil a encontrando, outras vezes não. Traços que se estendem até o infinito, as vezes caricaturizando a vida, outras legitimando-lhe anseios e possessões... à vida pertence a liberdade. E, à luz de alguns traços, vos apresento este libelo. Traços simplórios, sôfregos e insanos... apenas traços.

Este encontro que vos proponho é casual, uma leve apresentação de algo maior..., algo sublime, porém rotineiro... dessa forma, a beleza dessas letras podem mostrar segredos... também espantos.

Alguns verão estes escritos com olhos de douto, outros com olhos de sombra. Não importa, apenas desejo que os veja como a um escrito extraordinário. Que esta extraordinariedade não seja encarada na acepção da palavra, senão na noção de sua ordinariedade, ou seja, de sua simplicidade... a noção que vos apresento é a de um exercício lógico, aliás, a de um escrito simplório, porém distinto... só espero que leitores e leitoras assim o vejam.

Grandes méritos não busco, apenas tento conhecer aqueles e aquilo que conduzem sua vida... cada qual com tua peculiaridade... cada um e tua modéstia... mas, acima de tudo, cada um! Movo-me pela paixão, dessa forma conduzo minha liberdade; uma boa dose de paixão com pitadas de razão.

Por isso não me peça ordenação nestas páginas, muito menos coerência textual. Apenas jogo-lhes fragmentos, propondo a vós que os recolham e costurem tuas próprias resmas. Que essa colcha de retalhos possa servir para cobrir o frio de teu ser... não é para isso que tais objetos servem? Pois é, alguma vez vistes coerência em uma colcha de retalhos? Acho que não, no entanto, seu calor aconchega e esquenta, não é mesmo? Eis a resposta... tenhais essa colcha de fragmentos como um agasalho para a alma... todavia, isso não o impede de queimar o tecido; as vezes, o fogo é mais belo que as cinzas finais, e o texto pode se mostrar, ou como cinza, ou como chama... apesar de tudo, ele sempre se mostra. Uma vez que a alma não tenha estribeira, não recomendo montá-la... é bicho bravio...
2002

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