Confesso que até esse momento eu
não tinha essa concepção da importância do contrato didático dentro da
sala de aula. Porque aqueles contratos coletivos, de todos os professores, são
comuns. Mas um contrato de docente com seus alunos, nunca foi estabelecido.
Como não existe uma sociedade organizada e
desenvolvida sem regras, sem leis, imagino que também o ambiente escolar deve
tê-las, por reproduzir tal sociedade, deveria ter estas leis, daí a importância
do contrato. Quando esses parâmetros de convivência, de comportamento, de
direitos e deveres são determinados por todos os envolvidos, a probabilidade de
que os objetivos sejam alcançados é muito maior, pois todos sabem até onde
podem ir e, principalmente, o que não pode fazer; isso estabelece limites aqui
e acolá, por isso mesmo, o contrato didático é uma das ferramentas de
trabalho mais importantes que se conhece e, além disso, suporte para mantermos
a organização escolar, tornando o ambiente confortável e
democrático a todos.
Quanto ao contrato didático penso que ele
sempre existiu no processo educacional e, talvez, ele também exista na relação
médico paciente de maneira diferente. Penso que não dá para comparar, mas que
são realidade presentes isso é.
O
contrato didático está relacionado às obrigações imediatas e mútuas que se
estabelecem entre professor e alunos. Isto significa que o contrato tem seu
fundamento em aspectos onde cada uma das partes envolvidas nessa relação
desempenha o seu papel de forma produtiva e harmoniosa. Existem autores que
dizem que “as raízes da noção do contrato
didático está associadas ao conceito de Contrato Social, proposto por
Jean-Jacques Rousseau (1712-1778)” que defende que o homem, enquanto ser
social, tem a necessidade de ser condicionado a um conjunto de regras e
compromissos, de modo que a vontade coletiva se legitime como a vontade da
maioria, representada pelo contrato social. O método tradicional, nesse
sentido, ainda trás bons resultados em determinadas situações/disciplinas,
pois, é ele que garante aquilo que o mercado exige.
É com uma
combinação de experiências, sejam tradicionais ou não, que conseguimos contribuir
para o sucesso na aprendizagem, mesmo quando deixamos de acreditar em certas lendas, criadas pela mesma. Essa questão
da disciplina é complexa e o cotidiano do professor (aulas em várias escolas para
manter um salário de sobrevivência) acaba estressando a ponto de atrapalhar uma
investigação sobre o assunto e possível intervenção. Muitos dos alunos atuais
são filhos de ex-alunos que tinham problemas disciplinares e então não
acompanham essa questão dos filhos. Talvez uma ênfase maior na questão do
contrato que é o tema central desse módulo combinado com outras alternativas
cirúrgicas (regras de conduta, regras em sala de aula, maior participação dos
pais) ajude o professor nessa árdua tarefa que se lhe apresenta.
Assim, acredito
que o contrato didático seja efetivamente um excelente recurso para apoiar as
aulas, e garantir que as mesmas consigam criar algum benefício para o futuro...
apesar de não crer mais em milagres, muito menos na recuperação de certos
homens. O perigo consiste em deixá-lo abandonado pendurado em algum canto da
sala ou engavetado. É um documento legitimo, pois que é produzido coletivamente
com as partes envolvidas e por isto mesmo deve ser cumprido e respeitado.
Vou um pouco além do contrato dentro da escola,
pois os pais também como os Professores são responsáveis pela educação dos
filhos, e não podem deixar suas responsabilidades somente com o professor. A ausência da
participação e do acompanhamento dos pais agrava essa situação, pois, muitos
alunos são indisciplinados e têm baixa freqüência durante o ano letivo. O
nosso grande desafio, enquanto educadores é modificar esse quadro e isso, e o
contrato didático é um recurso importante, entre outros, para superar essa
realidade. Como cobrar do aluno sua
frequência, dedicação e disciplina, se não é assistido pela própria família?
Talvez tenhamos que começar a
encontrar formas de incluir família em nossos contratos de modo que assumam
compromissos mais consistentes com a escola. E isso não é tarefa fácil,
comprovo isso com a reunião de pais que houve nesta semana, no período da manhã
temos quase 300 alunos e se tivesse 50 na reunião era muito. O que faremos para
superar essa dificuldade, visto que o papel
do contrato, se firmado com extrema concordância entre as partes e seguindo as
normas estabelecidas, comprometimento e clareza, tem tudo para ser um projeto
que poderá ajudar na cura dos grandes problemas?
Projeto
pedagógico sem viabilidade prática é “nada” – não existe enquanto
potencialidade.
Hoje, pelo contexto social que vivemos as
orientações pedagógicas expressas nos documentos oficiais e as contribuições
dos teóricos da educação já apontam esse caminho. No entanto, é na prática de
“sala de aula” que confirmamos empiricamente essa necessidade. A dificuldade do
dia-a-dia da sala de aula, os problemas de convivência (tanto com alunos quanto
com colegas professores e equipe gestora) e problemas pessoais vão minando
o entusiasmo da proposta original. É preciso ficar muito atento e evitar ao
máximo que o projeto se perca. Felizmente, embora tenhamos muito aluno que caiu
ali de "pára-quedas", quando o professor disponibiliza tal
compromisso até mesmo as cobranças dos alunos passam a ter valor de causa!
O contrato didático deverá ser elaborado de
modo que seja o mais adequado para determinada turma, visto que cada uma tem
suas características próprias. Colocar algumas regras, acordadas entre todos,
valoriza o trabalho do Professor e impõe certos limites para os alunos. Claro
que hoje a realidade é outra e necessitamos de mais criatividade, flexibilidade
e conhecimentos dos fazeres, assim como o conhecimento da comunidade onde vamos
trabalhar, pois isso faz muita diferença na elaboração do plano de trabalho e
dos objetivos a serem alcançados. Cada região tem suas particularidades, daí a importância
da transparência e da reavaliação do contrato periodicamente. É uma boa ferramenta, desde
que seja bem explorada ou utilizada.
Um comentário:
Adorei o comentário: claro e objetivo!
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