Sob a perspectiva de
discutirmos sobre a profundidade da Condição Humana há que levarmos em conta a
relação existente entre Liberdade e Responsabilidade. De que maneira esta
questão se coloca existem algumas possibilidades, dentre elas a noção de Sartre
de que o homem existe, primeiro, e somente depois ele passa a refletir sobre
tal situação. Ainda para Sartre; o homem é aquilo que ele quer ser, e aquilo
que ele estabelece como plano de vida para si. Sendo assim, não existe nenhuma
definição pré-estabelecida que possa dar conta de sua natureza, logo, tal
situação interfere diretamente em sua condição, enquanto ser humano inserido
num contexto por ele mesmo construído e a ele validado. Ainda pensando no
filósofo: não há natureza humana, mas a existência de uma vida humana que
constrói uma natureza ou uma condição de sua existência.
Na medida em que deixa
claro que a liberdade é um ato de escolha e por isso o ser humano tem o dever
social de arcar com as consequências de seus atos, construímos um diálogo com o
mundo, do adolescente com ele mesmo e com o mundo, e dele com as concepções que
seu tempo lhe imputa.
Se o homem é condenado a
ser livre, pode surgir o questionamento de que não há liberdade, pois está
implícito em seu cerne, a obrigação de escolher, ou seja, deixa de ser um
direito?
Desta forma, ao analisarmos
o tema Liberdade, podemos afirmar que, a partir da concepção de Sartre, ela tem
mais gosto quando desta análise mais “ousada”, pois, se sou eu quem faz tal
escolha, em princípio, eu tenho que ter a noção de que não é ideal para mim no
momento. E neste caso, tenho que ser responsável pelo que escolhi, visto que o
meu ato foi livre, pelo menos na medida de fazer a opção diante do que me foi
proposto.
E aqui surge outro ponto,
a ideia de liberdade proposta por Dostoievski, ao afirmar que se Deus não existisse, tudo seria permitido,
resgatada por Sartre, também nos ajuda a trabalhar o conceito de
responsabilidade em nossas escolhas, nos colocando neste torvelinho que se mostrou
as atuais escolhas, ainda mais tendo como referência um mundo tão cheio de “eus”
como o que temos hoje.
Em sua análise, argumenta
Sartre: Aí se situa o ponto de partida do
existencialismo. Com efeito, tudo é permitido se Deus não existe, fica o homem,
por conseguinte, abandonado, já que não encontra em si, uma possibilidade a que
se apegue. Antes de mais nada, não há desculpas para ele. A tendência, na
religiosidade popular, é entender este conceito como um ato de ateísmo. Neste caso
há que se argumentar, quando do ato do convencimento – situação que não é a
mais fácil nem a mais bem vista, quando se fala em responsabilidade no pensar
livre e profundo – que a escolha do indivíduo não está vinculada a qualquer
espécie de crença, mas é um ato social e, portanto, deve ser conduzida pela
responsabilidade em sua opção mais carnal, visto que ele tem o poder de decidir
o que fazer.
Enfim, o ser humano, por natureza e
contingência histórica, faz questão de atribuir a outrem a responsabilidade das
coisas, facilitando o não compromisso com seus atos, na medida em que os mesmos
não tenham dado certo. E, nesse ponto, a concepção sartreana acerca do
Existencialismo favorece o aspecto da responsabilidade como um atributo do ser
humano, para consigo e para com o outro, isto é, quando escolhemos, não estamos
obrigados a nada, aliás, a nenhuma natureza prévia, e por isso somos
responsáveis por tais escolhas.
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