terça-feira, 15 de novembro de 2011

Responsabilidade Por Sermos Livres!



Sob a perspectiva de discutirmos sobre a profundidade da Condição Humana há que levarmos em conta a relação existente entre Liberdade e Responsabilidade. De que maneira esta questão se coloca existem algumas possibilidades, dentre elas a noção de Sartre de que o homem existe, primeiro, e somente depois ele passa a refletir sobre tal situação. Ainda para Sartre; o homem é aquilo que ele quer ser, e aquilo que ele estabelece como plano de vida para si. Sendo assim, não existe nenhuma definição pré-estabelecida que possa dar conta de sua natureza, logo, tal situação interfere diretamente em sua condição, enquanto ser humano inserido num contexto por ele mesmo construído e a ele validado. Ainda pensando no filósofo: não há natureza humana, mas a existência de uma vida humana que constrói uma natureza ou uma condição de sua existência.

Na medida em que deixa claro que a liberdade é um ato de escolha e por isso o ser humano tem o dever social de arcar com as consequências de seus atos, construímos um diálogo com o mundo, do adolescente com ele mesmo e com o mundo, e dele com as concepções que seu tempo lhe imputa.

Se o homem é condenado a ser livre, pode surgir o questionamento de que não há liberdade, pois está implícito em seu cerne, a obrigação de escolher, ou seja, deixa de ser um direito?

Desta forma, ao analisarmos o tema Liberdade, podemos afirmar que, a partir da concepção de Sartre, ela tem mais gosto quando desta análise mais “ousada”, pois, se sou eu quem faz tal escolha, em princípio, eu tenho que ter a noção de que não é ideal para mim no momento. E neste caso, tenho que ser responsável pelo que escolhi, visto que o meu ato foi livre, pelo menos na medida de fazer a opção diante do que me foi proposto.

E aqui surge outro ponto, a ideia de liberdade proposta por Dostoievski, ao afirmar que se Deus não existisse, tudo seria permitido, resgatada por Sartre, também nos ajuda a trabalhar o conceito de responsabilidade em nossas escolhas, nos colocando neste torvelinho que se mostrou as atuais escolhas, ainda mais tendo como referência um mundo tão cheio de “eus” como o que temos hoje.

Em sua análise, argumenta Sartre: Aí se situa o ponto de partida do existencialismo. Com efeito, tudo é permitido se Deus não existe, fica o homem, por conseguinte, abandonado, já que não encontra em si, uma possibilidade a que se apegue. Antes de mais nada, não há desculpas para ele. A tendência, na religiosidade popular, é entender este conceito como um ato de ateísmo. Neste caso há que se argumentar, quando do ato do convencimento – situação que não é a mais fácil nem a mais bem vista, quando se fala em responsabilidade no pensar livre e profundo – que a escolha do indivíduo não está vinculada a qualquer espécie de crença, mas é um ato social e, portanto, deve ser conduzida pela responsabilidade em sua opção mais carnal, visto que ele tem o poder de decidir o que fazer.
Enfim, o ser humano, por natureza e contingência histórica, faz questão de atribuir a outrem a responsabilidade das coisas, facilitando o não compromisso com seus atos, na medida em que os mesmos não tenham dado certo. E, nesse ponto, a concepção sartreana acerca do Existencialismo favorece o aspecto da responsabilidade como um atributo do ser humano, para consigo e para com o outro, isto é, quando escolhemos, não estamos obrigados a nada, aliás, a nenhuma natureza prévia, e por isso somos responsáveis por tais escolhas.

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