Modus Vivendus...
Segundo Sartre, a essência do homem é não ter essência, mas o
seu viver determinaria o que vem depois, e se esse depois levar o nome de essência,
que seja. Ou melhor, essa coisa chamada essência seria algo que o próprio ser
humano constrói, é sua história no mundo e com o mundo. Assim, quando diz que a existência precede a essência ele
está, tão-somente, confirmando a existência do homem no mundo e, por
conseguinte, o que vier depois como sendo algo procedente desta existência, também seria algo-no-mundo. Isto
quer dizer que nenhum ser humano nasce pronto, pré-determinado, mas faz-se para
o mundo, deixa-se se tornar pronto, além de deixar o mundo pronto. Pensando nisso,
o homem seria, em sua essência – a
posteriori, visto que a essência é construída depois do estar-no-mundo –
produto do meio em que vive, e que é construído por si-só. Este meio passa a
existir a partir de suas relações sociais e com suas relações sociais. Tudo isso acontece dentro de um
contexto em que cada pessoa se encontra inserida, embora modus incerto de viver e de se inserir. O homem é o único ser que possui condição
de existência já pré-existente em seu viver. E se existir significa “sair de
si”, ele, como sujeito, não apenas procura, de acordo com sua liberdade,
conhecer as coisas externas, como fazer parte delas e, principalmente, fazê-las. Ou seja, fazer não somente ao mundo, mas também a si mesmo dentro do
fazer do mundo, aliás, dentro do seu fazer no mundo. Por isso, ele produz o seu
próprio ambiente e constrói em si aquilo que pretende ser, e como pretende fazer
o mundo. Por outro lado, esta produção da condição de existência não é
livremente escolhida, e nem sempre a desejada ou necessária, porque é
previamente determinada. É-se assim porque, historicamente, determinou-se e se
deixou construir pelas condições a si expostas. Se assim é, é também
responsável por todos os seus atos, pois ele é livre para escolher (dentre as
condições possíveis); seja o que quiseres ser. Enfim, como o que lhe determina é
justamente esta liberdade, ele é condenado a ser livre para poder ser.
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