Pensado sob uma
perspectiva social, o letramento entra em cena, ao substituir a
alfabetização, com a intenção de dar um
maior significado à escrita, para aqueles que dela estão
se iniciando. O impacto social desta primeira escrita, ou mesmo das
primeiras letras, faz com o que o indivíduo sinta uma situação
de pertencimento ao grupo, principalmente quando nos referimos a um
grupo tão focado em tecnologias como é o da sociedade
contemporânea. Não é mais só aprender a
ler e escrever, mas construir uma linguagem social que represente
este educando, e em tempos de Era Digital, este tema ganha ainda mais
espaço na rede, visto
que a Internet é um grande universo, onde cada tribo,
conhecendo-se, e aos outros, tenta inteirar-se de sua identidade,
ganhando com isso uma nova faceta.
Também
as próprias práticas sociais de leitura e
escrita e os eventos em que elas ocorrem compõem o conceito de
letramento, visto que é por meio destas práticas que o
indivíduo se reconhece enquanto ser pensante e que constrói
seu próprio saber! Quer-se, com isso, muito mais que
alfabetizar alguém.
Um evento de
letramento é qualquer situação em que um
portador qualquer de escrita é parte integrante da natureza
das interações entre os participantes e de seus
processos de interpretação. (Heat: 1982: p. 93)
Além do mais,
letramento não pode ser pensado apenas como mera repetição,
ou introdução de um indivíduo em sua sociedade
escrita, mas, um evento garantidor de identidade para determinado
grupo e determinada sociedade. O indivíduo precisa ter
participação efetiva de seu grupo, e isso não
pode vir apenas com a ação de saber ler e escrever, mas
de pertencer, participar e se fazer existir. Sua validade no grupo
depende de como ele se enquadra no mesmo.
Busca-se assimilar
competências discursivas, ao adentrar o universo da escrita por
meio do letramento, e competências cognitivas ao saber se
posicionar perante seus iguais. Situação que confere ao
indivíduo um determinado e diferenciado estado de ser e
condição de existir social e culturalmente, como ser
inserido numa sociedade letrada. Letramento seria então,
conforme Soares (2002: p. 146): estado resultante da ação
de letrar, um vero que
segundo a autora, ainda precisa ser dicionarizado para que a palavra
tenha sua completa compleição.
A cultura do papel vem
sendo tragada pela cultura da cibercultura, resta-nos saber lidar com
os dois de maneira que o letramento não seja prejudicado.
Imagina-se que este universo novo acaba favorecendo o surgimento de
uma nova escrita (em papel ou eletrônica), fazendo com que o
letramento ganhe ainda mais significado para aqueles que dele se
utilizam, ou são evidenciados.
Além do
letramento, nossa língua também garante esta sensação
de pertencimento. E só falamos o português porque é
algo que nosso universo criou e que fomos criado pelo mesmo. Nosso
universo, nossa vida e nosso língua são nossos
instrumentos de validação do ser, ser-no-mundo. Nos
validamos quando nos tornamos ser-no-mundo, e nossa língua tem
esse papel, por isso a grande importância em fazer com que o
letramento seja mais que um primeiro contato com o mundo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário