Um
texto é uma construção discursiva intencional,
onde temos um autor que nos fala aquilo que ele quer e um leitor que
ouve, também, aquilo que ele quer. Desta relação
duplamente intencional é que surgirá o significado, é
que se construirá uma linguagem, que se quer fazer como
símbolo, uma linguagem que se quer estabelecer como nova, ou
como constructo que algo já posto.
Por
isso, as informações que certo texto nos apresenta são
informações de alguém que tem uma carga
intelectual e ideológica às suas costas, além de
serem informações que querem convencimento, informações
que clamam por reconstrução (e nem sempre
reconsideração, como seria preferível que fosse,
visto que, ao reconsiderar uma informação já
dada é como se a tivéssemos incorporando em nosso
legado psicológico e intelectual). Sua significação
de mundo está totalmente estabelecida, à medida que
nossa significação quer coadunar-se com a outra, nem
que seja uma coadunação contrária e crítica.
O
texto é uma construção para outrem, numa
sociedade plena de significados e desejosa de novos signos.
Para
que nós leitores consigamos compreender esta informação,
sem ignorar o que está por trás dela, requer que
tenhamos uma capacidade muito mais abrangente que a mera
alfabetização. Precisamos de informações
contidas na vida e no discurso do autor, além de precisarmos
de uma capacidade intelectual de vislumbrar além do que está
posto, mostrando ao mundo que também entendemos as
entrelinhas.
Nesse
sentido, o bom leitor é aquele que interage com o autor (além
de seu texto) e, principalmente, com sua vida social e ideológica.
Se conseguirmos assimilar esta capacidade, ou mesmo, esta liberdade
de podermos nos debruçar sobre determinada obra e colocar
nossa habilidade autoral, de forma automática, teremos maior
possibilidade de destrinchar a fundo as informações –
e contra-informações – que o autor quer passar.
Enfim,
as habilidades requeridas para a leitura de um texto são as
mesmas que precisamos ter para construirmos uma linguagem própria,
com seus signos, sobre uma linguagem já construída, e
totalmente intencional.
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