sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Professor: um Boi de Coice ou Boi de Cambão?


Conforme Rudá Ricci no artigo O perfil do educador para o século XXI: de boi de coice a boi de cambão, publicado na revista Educação & Sociedade (artigo apresentado quase que como um libelo de afirmação de um modelo educacional muito caro para o autor), a noção de que educadores, ao introduzirem conteúdos contestadores e críticos, formam cidadãos por via escolar/formal não passa de mais um mito da educação, em seu breve histórico de vida no século XX. Mais que introdução de conteúdos contestadores, é numa íntima experiência perante a vida e com cada experiência conceitual e existencial que cada possível cidadão se faz completamente, como se apresenta Ricci – e seu texto.
A idéia central do artigo é justamente polemizar com este pretenso papel que imaginara, décadas atrás, se incumbir a escola na formação de cidadãos, e como a partir dos anos 80, do século passado, a educação ganhou a faceta que hoje se nos apresenta. Ademais, o artigo também traça um esboço do que foi a educação no século XX – no Brasil, e em algumas partes do mundo –, e como hoje, baseada em modelos alemão e espanhol (o modelo paulista de educação profissional e educação para a vida traz isso bastante evidenciado, nas diferenciações entre escolas estaduais de ensino básico e escolas técnicas de ensino profissional, inclusive esta última desvinculada da Secretaria da Educação), foi a adequação social e produtiva da mesma na Era da Globalização.
Ao se referir à Era da Globalização uma grande discussão se descortina, e é quando Ricci instaura a ditadura do mercado (como máxima culpa das constantes transformações da educação ocorridas no século passado) e sua influência constante sobre os sistemas educacionais, donde cada passo dado pela tecnologia acaba por emparelhar-se com a educação, colocando-a num turbilhão de novos métodos, e todos eles vinculados à dinâmica do capital.
Quando adentra este universo, tanto ao educador (fordista no século XX e pós-fordista no desafiante século XXI) quanto à escola, é-lhes dado o status de educação diretiva, ou seja, o entorno em que se localiza a escola define suas funções – plano que na atual gestão de Geraldo Alckmin diante do Estado tende a voltar com grande veemência –, principalmente em instituições formadoras de profissionais “diferenciados” para o mercado de trabalho, como exige o capital; diferente das escolas de educação básica; estas tidas como formadoras de cidadãos (ao menos em projeto, apesar de notar que o autor não compartilha desta crença).
Dos programas apresentados por Ricci, ao destacar as escolas alemã e espanhola tem-se, respectivamente, uma escola dual, tentando unir empresa e escola; e uma escola aberta, fortemente vinculada à comunidade ao seu redor – modelo que lembra muito a Escola da Família do governo PSDB –, privilegiando a formação moral, em detrimento da formação direcionada ao mercado de trabalho.
Tendo em vista as informações apresentadas por Ricci, e usando como referência minha situação, estando em sala de aula como me encontro, pude notar que, no Brasil (e não posso excluir São Paulo desta explanação), a adoção destes dois tipos de escola virou lugar comum, gerando com isso uma certa crise de identidade na escola atual, não conseguindo, ainda, determinar qual modelo melhor se adequaria à Rede.
Resta agora, como bem retrata o autor (que faz uma defesa apaixonada do modelo que imagina ser o melhor para o Brasil, por isso a denominação de libelo, ao início destas explanações; que seria o modelo espanhol acrescentado ao resgate do papel de professor como intelectual que era, antes da reforma fordista da educação, segundo seu ponto de vista), uma mudança mais efetiva nos cursos de formação docente, visto que o professor se encontra enovelado num sistema mutante, inacabado e, acima de tudo – por sua implantação tardia –, muito recente para os padrões da educação básica brasileira, sempre tão propensa à descontinuidade.

Pensamentos Soltos II



Bem Supremo

Para Aristóteles, todas as coisas tendem à perfeição e, consequentemente, à bondade. Podemos dizer, com isso, que o estudo é guiado por uma finalidade ética, ou seja, à perfeição do homem, à sua melhora e, consequentemente, ao saber ser bom. Apesar de sabermos que o Bem Supremo tão buscado na história da Teologia e da Filosofia também serviu de elemento para o cometimento de algumas situações, no mínimo estranhas. Diz-se por aí que para atingir o Bem Supremo, nós, meras formiguinhas, continuamos acossados. É como se em nome do Bem Supremo, o mau toma conta das individualidades. Busca-se muito o coletivo, deixando o indivíduo no meio desta peleja... eticamente falando criamos um problema para atingir uma solução, nem sempre imediata.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Pensamentos Soltos I


Entre Prometeu e Heráclito...

O conhecimento é pleno de significados. Para qualquer criança, o parquinho da infância é muito mais que o brincar, é, tão-somente, o local da descoberta e da curiosidade. E o brincar coletivo é o entrar em contato com o outro. Entrar em contato com o que o outro tem de informações e saberes. Assim, o brincar coletivo é também o brincar intencional... é o saber de Heráclito e suas ondas, é o saber de Prometeu e o fogo.