terça-feira, 15 de novembro de 2011

Pensamentos Soltos IX




Modus Vivendus...

Segundo Sartre, a essência do homem é não ter essência, mas o seu viver determinaria o que vem depois, e se esse depois levar o nome de essência, que seja. Ou melhor, essa coisa chamada essência seria algo que o próprio ser humano constrói, é sua história no mundo e com o mundo. Assim, quando diz que a existência precede a essência ele está, tão-somente, confirmando a existência do homem no mundo e, por conseguinte, o que vier depois como sendo algo procedente desta existência, também seria algo-no-mundo. Isto quer dizer que nenhum ser humano nasce pronto, pré-determinado, mas faz-se para o mundo, deixa-se se tornar pronto, além de deixar o mundo pronto. Pensando nisso, o homem seria, em sua essência – a posteriori, visto que a essência é construída depois do estar-no-mundo – produto do meio em que vive, e que é construído por si-só. Este meio passa a existir a partir de suas relações sociais e com suas relações sociais. Tudo isso acontece dentro de um contexto em que cada pessoa se encontra inserida, embora modus incerto de viver e de se inserir. O homem é o único ser que possui condição de existência já pré-existente em seu viver. E se existir significa “sair de si”, ele, como sujeito, não apenas procura, de acordo com sua liberdade, conhecer as coisas externas, como fazer parte delas e, principalmente, fazê-las. Ou seja, fazer não somente ao mundo, mas também a si mesmo dentro do fazer do mundo, aliás, dentro do seu fazer no mundo. Por isso, ele produz o seu próprio ambiente e constrói em si aquilo que pretende ser, e como pretende fazer o mundo. Por outro lado, esta produção da condição de existência não é livremente escolhida, e nem sempre a desejada ou necessária, porque é previamente determinada. É-se assim porque, historicamente, determinou-se e se deixou construir pelas condições a si expostas. Se assim é, é também responsável por todos os seus atos, pois ele é livre para escolher (dentre as condições possíveis); seja o que quiseres ser. Enfim, como o que lhe determina é justamente esta liberdade, ele é condenado a ser livre para poder ser.

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